Título

ÚLCERA DE CÓRNEA POR PROVÁVEL Acanthamoeba

Introdução

Ceratites por Acanthamoeba são infecções oculares raras, mas potencialmente devastadoras, ocorrendo principalmente em usuários de lentes de contato. Essa doença é muitas vezes confundida com infecções por herpes, bactérias e fungos, tornando o diagnóstico desafiador ao oftalmologista. A confirmação diagnóstica se dá por métodos como cultura, reação em cadeia da polimerase e análise histopatológica, que muitas vezes não estão disponíveis em serviços do SUS.

Método

Descrever o diagnóstico e evolução terapêutica de um caso de úlcera de córnea por provável Acanthamoeba.

Resultados

Paciente I.H.L.S., 31 anos, sexo masculino, admitido no serviço de emergência oftalmológica da Fundação Altino Ventura, com queixa de mancha branca, baixa de acuidade visual (AV) progressiva e dor em olho esquerdo (OE) há 1 semana. Relatava ser usuário de lentes de contato gelatinosas, em uso diário e prolongado, e história de úlcera de córnea prévia em OE. Ao exame oftalmológico: AV sem correção de 20/125 em olho direito (OD) e conta dedos a 30 cm em OE. Biomicrospia sem alterações em OD. Em OE, apresentava córnea com perda de transparência, lesão flúor positiva em eixo visual com infiltrado infeccioso. Optou-se por terapia empírica com colírios fortificados de gentamicina e cefalotina. O paciente evoluiu com melhora discreta da lesão e após 7 dias observou-se infiltrado em anel. Foi aventada a hipótese de úlcera por Acanthamoeba e prescritos colírios de Biguanida e Clorexidina. Após 8 semanas, o paciente evoluiu com melhora da dor e melhora discreta do tamanho da lesão. Optou-se então por iniciar colírio de Brolene. Houve melhora gradual e progressiva, manutenção da AV, melhora da hiperemia conjuntival e do tamanho da lesão, com a maior parte já cicatrizada. Atualmente, o paciente encontra-se em acompanhamento semanal aguardando finalizar tratamento para avaliar transplante de córnea.

Conclusões

O caso ilustra um quadro sugestivo de úlcera por Acanthamoeba em que há a presença de fatores de risco, apresentação e evolução clínica compatíveis com a etiologia sugerida, tornando possível tratamento e desfecho favorável, apesar das dificuldades e limitações para realização de exames confirmatórios. Dessa forma, diante de uma forte suspeita clínica é importante o início precoce de antibioticoterapia empírica, até que se obtenha confirmação por exames complementares.