Dados do Trabalho


Título

Dissecção lamelar manual guiada por paquimetria intra-operatória: uma nova técnica para confecção de lamelas ultra-finas (Pachy-DSEK).

Introdução

As principais desvantagens das técnicas mais utilizadas para transplante de endotélio corneano são: dificuldade técnica (DMEK, PDEK) ou alto custo de preparo da lamela através do microcerátomo (DSAEK). A dissecção manual para preparo de lamelas endoteliais apresenta como desvantagens espessura e qualidade de interface variáveis (DSEK). O objetivo deste trabalho é apresentar uma nova modalidade de confecção manual de lamelas e avaliar resultados visuais, refrativos e tomográficos.

Método

Estudo retrospectivo não-comparativo que incluiu 15 cirurgias consecutivas de DSEK em pacientes com falência endotelial e comorbidades oculares, a maioria com contra-indicação para DMEK. As lamelas foram preparadas através de incisão com bisturi ajustável e dissecção lamelar manual, guiados por paquimetria ultrassônica intra-operatória. Durante acompanhamento médio de 20 meses (6-36) foram avaliados resultados refracionais e tomográficos (Pentacam; Oculus e Cirrus; Zeiss), com medida das espessuras das lamelas nas zonas ópticas de 0, 3 e 6 mm.

Resultados

A acuidade visual corrigida melhorou em todos os casos exceto em um, variando de 1.60±0.80 a 0.50±0.30 logMAR(p<0.001). Do subgrupo de 5 pacientes com potencial normal, 3 atingiram visão de 20/20. Nenhum caso perdeu linha de visão. Não houve mudança significativa nas curvaturas anterior (p=0.51) e posterior (p=0.35) e no equivalente esférico (p=0.63). Aos 6 meses a média da espessura total da córnea e da lamela endotelial foi de 628±66µm e 97±33, respectivamente. Não houve correlação entre a espessura da lamela e a paquimetria da córnea doadora (rho=0,34 p=0,173). 80% (n=12) das lamelas mediram abaixo de 130 µm e 60% (n=9) abaixo de 100µm. O erro na espessura alvo programada foi de 30µm (10-50µm). Houve correlação positiva entre e a paquimetria da córnea doadora e o erro de espessura alvo (rho=0,50 p=0,039). A razão de espessuras lamela/córnea total foi de 15% (9-22%). Durante o preparo não houve perda de tecido. As principais complicações pós-operatórias foram re-injeção de ar (13%), haze de interface (7%) e rejeição endotelial (7%).

Conclusões

A técnica Pachy-DSEK foi segura e eficiente no tratamento de disfunção endotelial em olhos com comorbidades. Lamelas ultra-finas foram obtidas na maioria dos casos. Boa visão pode ser obtida com esta modalidade quando o potencial visual não está comprometido.

Área

TRABALHO CIENTÍFICO

Instituições

INOB (DF), USP (SP) - Distrito Federal - Brasil

Autores

Pedro Bertino, Tatiana Moura Prazeres, Carlos José de Souza Jr, Renata Soares Magalhães