Dados do Trabalho


Título

NEURITE ÓPTICA BILATERAL SECUNDÁRIA À INFECÇÃO POR CHIKUNGUNYA: RELATO DE CASO

Introdução

Neurite Óptica é uma patologia de origem desmielinizante, autoimune ou infecciosa. Apresenta como características a perda aguda ou subaguda da visão, dor à movimentação ocular e defeitos de visão de cores. Nos agentes etiológicos envolvidos, inclui-se o vírus Chikungunya (CHIKV). O prognóstico visual da Neurite Óptica secundária à Chikungunya é bom, e a terapia com corticosteroides, quando iniciada precocemente, parece acelerar a recuperação.

Método

Os dados contidos neste trabalho foram obtidos por meio de revisão do prontuário, entrevista com o paciente, registro fotográfico de exame de imagem e revisão de literatura.

Resultados

Paciente do sexo feminino, 43 anos, artesã, natural de Belém, veio à consulta queixando-se de cefaléia, dor ocular intensa e baixa de acuidade visual bilateral há 7 dias. Referiu que o quadro iniciou com febre alta, seguida de poliartralgia simétrica incapacitante e erupção maculopapular difusa. Ao exame inicial, apresentava acuidade visual (AV) de vultos em ambos os olhos (AO), biomicroscopia de segmento anterior evidenciou hiperemia conjuntival leve, precipitados ceráticos finos, reação em câmara anterior +2/+4, despigmentação difusa de íris, midríase e sinéquia posterior em AO. Tonometria de aplanação olho direito (OD) 28mmHg e olho esquerdo (OE) 32mmHg. Fundoscopia de OD com discreto apagamento das margens discais e OE com edema de disco óptico. Visão de cores alterada. Ressonância magnética cranioencefálica sem alterações. Dentre as sorologias solicitadas, foi observado positividade para anticorpos anti-Chikungunya IgM e negatividade para as demais, assim como Fator Reumatoide negativo. Foi prescrito prednisona, entretanto a paciente suspendeu após 7 dias devido a picos hipertensivos, sendo administrado dose menor por mais 20 dias.  Em seguida, foi prescrito acetazolamida, slow-k e colírios de prednisolona 1%, latanoprosta, maleato de timolol e tropicamida 1%. Após um mês de tratamento, paciente apresentou melhora do quadro álgico articular, da dor ocular e da visão, evidenciando AV em OD 20/80 e OE 20/20 com correção. Evoluiu com desaparecimento dos precipitados ceráticos, melhora da pressão intraocular e fundoscopia dentro da normalidade. Porém sinéquias persistem, sendo encaminhada para iridectomia a laser.

Conclusões

Observa-se a necessidade de anamnese detalhada e sistêmica – com a devida atenção às arboviroses - sorologias e exames de imagem, a fim de abordar precocemente a neuropatia óptica e possibilitar melhor prognóstico visual.

Área

RELATO DE CASO

Instituições

Centro Universitário do Estado do Pará - Pará - Brasil, Clínica Vallinoto - Pará - Brasil

Autores

Amanda Vallinoto Silva de Araújo, Rita Helena Vallinoto Silva de Araújo