Dados do Trabalho


Título

OCLUSÃO DE ARTÉRIA CENTRAL DA RETINA SECUNDÁRIA A ENDOCARDITE

Introdução

A oclusão da artéria central da retina (OACR) devido a endocardite é uma ocorrência rara. Estima-se que menos de 1% dos pacientes com endocardite sofrem embolização da retina. Esse fenômeno ocorre devido à liberação de vegetações endocárdicas das valvas, que atingem a retina e ocluem a artéria central da retina. Após a embolização, a lesão à retina é irreversível após 90 min de isquemia. O principal sintoma da OACR é baixa acuidade visual. O objetivo trabalho é relatar o caso de um paciente com OACR após endocardite e troca valvar.

Método

Paciente masculino, 37 anos, procurou o serviço de Oftalmologia, CEROF, queixando-se de baixa acuidade visual súbita em OD há 2 meses, ocasião em que realizou procedimento de troca de valva aórtica por quadro de endocardite. Ao exame oftalmológico apresentava acuidade visual em OD de movimentos de mãos e em OE de 20/20. Biomicroscopia: sem alterações AO. PIO de 14 mmHg AO. Fundoscopia de OD revelou disco óptico pálido, fibrose sobre as arcadas, edema de mácula e mobilização de pigmento macular. Olho esquerdo com fundoscopia sem achados. Foi solicitada campimetria visual, retinografia e OCT de mácula. Confirmado quadro de oclusão de artéria central da retina já em fase sequelar, paciente foi orientado a manter acompanhamento semestral em nosso serviço, visando, principalmente, a supervisão do olho contralateral, uma vez que o prognóstico do olho acometido é ruim.

Resultados

A oclusão arterial da retina é provocada por êmbolos que se originam principalmente nas carótidas. O caso relatado é de um paciente com história de endocardite e troca de valvas cardíacas recentes, condizendo com essa etiologia. Apesar de o paciente ter idade inferior a 60 anos sem comorbidades vasculares, o prognóstico é ruim e pouco resolutivo. Complicações como edema macular são comuns e por isso o acompanhamento é essencial. Os tratamentos dependem das complicações iniciais ou subsequentes e podem incluir injeções intraoculares de anti-VEGF, implante de dexametasona ou triancinolona e fotocoagulação a laser. No caso, apenas realizou-se acompanhamento para vigilância do olho sadio.

Conclusões

Portanto, a OACR é uma emergência oftalmológica que exige diagnóstico e tratamento precoces. Devido ao péssimo prognóstico da OACR de perda visual súbita e irreversível, é de extrema importância a atenção dos médicos para essa afecção, principalmente após procedimentos com riscos de embolização, permitindo, assim, uma conduta oftalmológica nas primeiras 24h do início da queixa.

Área

RELATO DE CASO

Instituições

Centro de Referência em Oftalmologia (CEROF/FM/UFG) - Goiás - Brasil, UFG - Goiás - Brasil, Universidade de Rio Verde - Campus Aparecida - Goiás - Brasil

Autores

Mariana Siqueira Campos de Deus, Walison José de Morais, Sarah Roque Santos, Paula Fachetti Jubé Ribeiro, Carolina Braga dos Santos Azevedo, Pedro Henrique Macedo dos Santos, Déborah Capel Modesto