Dados do Trabalho


Título

Esporotricose como diagnóstico diferencial de celulite periorbitária

Introdução

Esporotricose é uma infecção fúngica de curso subagudo ou crônico encontrada em todo o mundo, mas muito mais prevalente em regiões tropicais, subtropicais e temperadas, sendo considerada a micose subcutânea mais comum da América Latina. A principal forma de transmissão é a inoculação do fungo na pele e o acometimento facial é mais comum em crianças devido ao hábito de brincar com gatos próximos à face.

Método

VAS, 10 anos, atendida no PS da clínica oftalmológica do Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos (CHPBG) com queixa de hiperemia e edema periorbitário no OD há 06 dias. Há 1 dia em uso de Amoxicilina + Clavulanato. Ao exame, edema e hiperemia palpebral. Acuidade visual e motilidade ocular preservadas, sem alterações à biomicroscopia. Mantido antibiótico por 7 dias. Evoluiu com pústulas próximas à carúncula, com secreção purulenta. Prescrito, então, cefalexina oral. Evoluiu com piora das lesões, que coalesceram e formaram lesão ulcerada com fundo purulento. Encaminhada à dermatologia do CHPBG, sendo verificada história de lesão na mão direita por arranhadura do gato de estimação, que encontrava-se doente. Identificado linfonodos pré-auriculares palpáveis. Aventada hipótese de esporotricose cutânea; prescrito iodeto de potássio oral empírico e solicitado biópsia da lesão. Resultado da biópsia: dermatite granulomatosa com atividade supurativa; culturas para bactérias, fungos e BK negativas. Remissão completa da lesão após 02 meses de tratamento, sem relato de efeitos colaterais.

Resultados

A esporotricose é uma micose provocada por diferentes espécies do gênero Sporothrix. Pode ser transmitida por inoculação traumática de materiais orgânicos contaminados ou contato com excretas de gatos doentes ou sadios. Manifesta-se nas formas linfocutânea (mais comum), cutânea fixa ou disseminada. Inicia-se como pequena pápula endurada, que evolui para nódulo e lesão ulcerada. A disseminação ocorre por via hematogênica, podendo causar doença pulmonar, sinusite e meningite. Culturas de lesões exsudativas são o padrão ouro para o diagnóstico. O tratamento de escolha é o itraconazol oral por 3 a 6 meses, entretanto o iodeto de potássio é uma opção de baixo custo e grande eficácia, embora com mais efeitos colaterais.

Conclusões

O caso clínico reportado tem o intuito de ampliar o espectro de diagnósticos diferenciais da celulite periorbitária. A anamnese e a história epidemiológica desempenham papel fundamental no diagnóstico clínico, principalmente em lesões refratárias ao tratamento inicial.

Área

RELATO DE CASO

Instituições

Clínica Oftalmológica do Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos - São Paulo - Brasil

Autores

Luíza Marchesini Peixoto, Rafaela Linck, Telma Rosana Virgens Gonzaga