Dados do Trabalho


Título

EFETIVIDADE DO TESTE DE ACUIDADE VISUAL REALIZADO POR PROFESSORES EM CRIANÇAS DE 3 A 14 ANOS EM SETE BARRAS, SÃO PAULO, BRASIL.

Introdução

A detecção precoce das alterações visuais na infância provocadas, em sua maioria, por doenças preveníveis ou tratáveis é um dos objetivos do Programa Visão 2020 da OMS. O rastreamento da baixa acuidade visual realizado nas escolas é importante ferramenta para atingi-lo. O presente estudo teve como objetivo avaliar a efetividade do teste de acuidade visual (TAV) realizado por professores através da concordância das respostas obtidas entre eles e oftalmologistas.

Método

Medidas de acuidade visual (AV) informadas por crianças de 3 a 14 anos para um professor (treinado ou não treinado) e para um oftalmologista (padrão ouro) foram comparadas. Todos os professores receberam texto com orientações sobre doenças oculares e TAV realizado em tabela em escala logarítmica. Professores capacitados também receberam aulas teóricas e práticas adicionais. A ordem do TAV foi determinada de maneira aleatória. A diferença entre o número de optotipos obtidos no olho de melhor visão entre professor e oftalmologista foi calculada através de regressão linear múltipla ajustada para ano escolar e ordem de realização do TAV. O gráfico de Bland-Altman foi utilizado para análise qualitativa e o intra-class correlation (ICC) foi calculado.

Resultados

162 crianças (idade média 9.22±2.84 anos) foram recrutadas para o estudo. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para idade (p=0.763) e ano escolar (p=0.594) entre os grupos avaliados por professores e oftalmologistas. 76 crianças (46,9%) eram do sexo masculino e 89 (53,1%) do sexo feminino.Todas foram avaliadas por um oftalmologista. 87 (53.7%) foram também avaliadas por um professor capacitado e 75 (46.3%) por um professor não capacitado. A diferença média do número de optotipos do olho de melhor visão obtida por professores capacitados e oftalmologistas foi -0.09±5.71 enquanto a obtida por professores não capacitados e oftalmologistas foi -1.01±9.09. Embora observe-se uma maior diferença média nas medidas obtidas por professores não capacitados, este achado não foi estatisticamente significante (p=0.539). O gráfico de Bland-Altman mostra maior concordância quando a AV é maior e o ICC mostrou concordância maior para professores capacitados (ICC=0.806) do que não capacitados (ICC=0.625).

Conclusões

Teste de acuidade visual realizado por professores pode ser utilizado como ferramenta de rastreamento para doenças oculares em crianças mas treinamento deve ser realizado para medida adequada, principalmente em casos de baixa visão.

Área

TRABALHO CIENTÍFICO

Instituições

UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

Ana Carolina Carneiro, Carolina P. B. Pellegrini, Arthur Gustavo Fernandes, André Leite Silva, Flávio E. Hirai, Célia Regina Nakanami