Dados do Trabalho


Título

Malignização de hiperplasia linfoide reacional benigna da conjuntiva após dez anos de seguimento: relato de caso

Introdução

A hiperplasia linfoide reacional benigna da conjuntiva (HLRBC) consiste em uma reação hiperplásica em resposta a estímulos antigênicos ou irritativos, que ocorre mais comumente em adultos. Sabe-se que essas lesões podem apresentar transformação maligna em linfomas localizados ou sistêmicos, apesar de raras descrições na literatura. Em muitos casos elas podem ser clinicamente indistinguíveis de linfomas de baixo grau, sendo imprescindível a realização de estudos histopatológicos para o correto diagnóstico e melhor manejo da doença.

Método

Trata-se de um relato de caso de uma paciente acompanhada no ambulatório de Tumores do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da EPM/UNIFESP. Foi realizada revisão retrospectiva do prontuário eletrônico, além de coleta dos exames disponíveis no serviço, como fotografias de segmento anterior do olho e de lâminas histológicas, após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

Resultados

Uma paciente do sexo feminino de 44 anos procurou nosso serviço queixando-se de sensação de corpo estranho em ambos os olhos (OU) em 2008. No exame oftalmológico inicial apresentava melhor acuidade visual de 20/20 e a biomicroscopia anterior mostrava um tecido róseo espessado na conjuntiva bulbar e tarsal inferior. Foi realizada biópsia incisional da conjuntiva com diagnóstico de hiperplasia linfoide reacional benigna bilateral, por meio da análise pela coloração por Hematoxilina e Eosina (H&E) e imunohistoquímica. Durante o seguimento da paciente, duas outras biópsias incisionais foram realizadas em 2011 e 2013 com os mesmos achados. Em uma consulta de rotina em julho de 2018, a paciente referia piora dos sintomas e o exame em lâmpada de fenda mostrava lesões conjuntivais com aspecto em “salmon patch” quase 360 graus bilateralmente. Nova biópsia incisional foi realizada com achados em todas as amostras sugestivos de linfoma não Hodgkin de células B OU. Considerando o novo diagnóstico, a paciente foi submetida a avaliação sistêmica que não evindenciou doença extraocular. A paciente foi tratada com radioterapia de feixe externo, com boa resposta.


Conclusões

Este relato de caso representa uma das poucas descrições na literatura em relação a malignização de uma HLRBC após tão longo período de seguimento, comprovada por biópsias incisionais subsequentes. Reforçamos o papel da análise histopatológica e imunohistoquímica no diagnóstico de lesões linfoproliferativas, além de salientar a importância do seguimento adequado e a longo prazo desses pacientes.

Área

RELATO DE CASO

Instituições

Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina - São Paulo - Brasil

Autores

Jenifer Shen Ay Wu, Marcia Serva Lowen, Moacyr Pezati Rigueiro, Melina Correia Morales, Aline Sutili Toledo, Rubens Belfort Neto