Dados do Trabalho


Título

SÍNDROME DE MOEBIUS E SUAS COMPLICAÇÕES OCULARES

Introdução

A síndrome de Moebius é uma afecção rara, caracterizada por paralisia de nervos cranianos, anormalidades límbicas e dismorfismos craniofaciais. Manifesta-se precocemente como incapacidade do fechamento total das pálpebras durante o sono e perda gradativa da expressão facial, adquirindo a chamada “fácie de máscara”. Há paralisia dos músculos retos laterais ,comprometendo a visão lateral e manifestando um estrabismo convergente. Pela raridade, o presente trabalho tem como objetivo apresentar o quadro clínico dessa doença.

Método

Masculino, 20 anos, acompanha o serviço de Estrabismo do CEROF-UFG/EBSERH desde o primeiro ano de vida com diagnóstico de Síndrome de Moebius. Com 1 ano, o paciente já apresentava esotropia de cerca de 55 DP. Utilizou tampão ocular alternado (1:1) até os 4 anos. Aos 11 anos, foi suspensa a cirurgia para correção do estrabismo, devido a contratura evidente dos músculos retos mediais. Paciente retornou aos 20 anos com piora da acuidade visual para longe e lacrimejamento. À ectoscopia: fácies amímica com dificuldade bilateral de oclusão palpebral, posição da cabeça e hipoplasia dos quirodáctilos da mão direita. MOE: deficiência total de adução e abdução de ambos os olhos e movimento oculares verticais preservados. Refração estática: OD: plano (-1,25 x 170°) AV: 0,4; OE: plano (-2,50 x 25°) AV: 0,6. Esotropia de aproximadamente 20 DP. Discreta ceratite punctata difusa, principalmente em terço inferior da córnea, à biomicroscopia. A equipe prescreveu óculos, lubrificantes e acompanhamento periódico.

Resultados

No caso, ressalta-se a importância do acompanhamento precoce e contínuo do paciente, pois, foi perdido o seu seguimento dos 4 aos 11 anos, quando já não era mais possível realizar uma cirurgia de estrabismo. A injeção de toxina botulínica precocemente nos retos mediais poderia impedir a contratura e possibilitar a cirurgia. O acompanhamento inadequado predispõe outras afecções, como a ceratite, já que a dificuldade de oclusão palpebral bilateral favorece ulceração da córnea. Ressalta-se os aspectos psicológicos desta síndrome relacionados a dificuldade visual, pouca compreensão da população, e comunicação social afetada pela falta de reconhecimento de emoções e expressões faciais.

Conclusões

As malformações determinadas pela síndrome não têm cura, busca-se reduzir os efeitos e a intensidade dos agravos por meio de tratamento cirúrgico ou de terapias que promovam melhorias na qualidade de vida dos portadores, assim como conscientizar a população sobre o tema.

Área

RELATO DE CASO

Instituições

Centro de Referência em Oftalmologia (CEROF/HC/UFG) - Goiás - Brasil, PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS - Goiás - Brasil, Universidade de Rio Verde - Campus Aparecida - Goiás - Brasil, Universidade Federal de Goiás (UFG) - Goiás - Brasil

Autores

Mariana Siqueira Campos de Deus, Luis Henrique Akutsu Hirako, Paulo Gabriel Balestra Silveira Ayres, Ana Luiza Lopes Cruvinel Vieira, Ricardo Coutinho de Oliveira Filho, Victor Falcão Pereira Costa, Déborah Capel Modesto