Dados do Trabalho


Título

Frequências e causas de deficiência visual no Parque Indígena do Xingu: achados preliminares do Projeto Olhos do Xingu

Introdução

A ONG Médicos da Floresta tem trabalhado para oferecer atendimento oftalmológico gratuito a populações indígenas que vivem em áreas remotas do Brasil por meio do Projeto Olho do Xingu. O objetivo deste trabalho é descrever as frequências e causas da deficiência visual nas áreas visitadas da Reserva Indígena do Xingu.

Método

Todos os residentes das áreas visitadas foram convidados para exame oftalmológico com acuidade visual (AV), refração objetiva automatizada e avaliação com lâmpada de fenda. A refração subjetiva e a biometria foram realizadas quando necessário. A principal causa de deficiência visual (AV 20/40 ou pior) foi determinada para cada olho. Óculos foram fornecidos e cirurgias de catarata / pterígio foram programadas conforme a necessidade.

Resultados

Um total de 2099 indivíduos de 16 comunidades foram examinados até o momento. A cobertura geral da população foi de 57,0%, sendo 39,3% no grupo de crianças até 17 anos, 75,6% no grupo de adultos jovens de 18 a 45 anos e 93,3% no grupo de adultos acima de 45 anos. Para adultos acima de 45 anos, a frequência de deficiência visual apresentada (AVA) no olho de melhor visão foi de 35,3% [Intervalo de Confiança (IC) 95%: 30,2% -39,5%] e 28,5% [IC 95%: 23,9% -33,1%] com melhor correção (AMC). Para adultos jovens (18-45 anos), a prevalência de deficiência visual apresentada no olho de melhor visão foi de 4,9% [IC 95%: 3,3% -6,5%] e 2,1% [IC 95%: 1,0% -3,3%]. com AMC. Para crianças de 0 a 17 anos, a frequência de deficiência visual apresentada no olho de melhor visão foi de 1,2% [IC95%: 0,5% -2,3%] e 0,5% [IC 95%: 0,2% -0,7%] com AMC. A principal causa de deficiência visual em adultos acima de 45 anos foi a catarata (52,6%), enquanto o erro refrativo foi a principal causa para adultos jovens (63,1%) e crianças (61,9%). O pterígio foi encontrado em 13,0% dos adultos jovens e 26,1% dos adultos acima de 45 anos.

Conclusões

A maioria dos casos de deficiência visual na Reserva Indígena do Xingu são evitáveis e/ou tratáveis. Os programas de prevenção de cegueira devem visar principalmente serviços cirúrgicos de catarata e provisão de óculos. Esse projeto pode representar uma oportunidade de fornecer avaliação, diagnóstico e tratamento adequados para os olhos em comunidades com acesso limitado a cuidados oftalmológicos.

Área

TRABALHO CIENTÍFICO

Instituições

Organização Médicos da Floresta - São Paulo - Brasil

Autores

Celso Takashi Nakano, Natália Y Valdrighi, Roberta A Nascimento, Arthur G Fernandes