Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO DE SINDROME DE STEVENS JOHNSON COM ACOMETIMENTO OCULAR GRAVE - DIAGNOSTICO, TRATAMENTO E SEGUIMENTO

Introdução

A síndrome de Stevens-Johnson (SJS) é uma reação dermatobolhosa grave mediada imunologicamente com morbidade significativa nos sobreviventes. O envolvimento ocular agudo ocorre em 50 a 88% dos casos e pode levar a alteração na função lacrimal e dano progressivo à superfície ocular. Oftalmologistas devem exercer um papel central na avaliação precoce e tratamento dos pacientes com SJS.

Métodos

Relato de caso de um paciente com suspeita inicial de síndrome mão-pé-boca em serviço externo, evoluindo com úlceras orais, lesões descamativas e acometimento corneo-conjuntival bilateral grave.

Resultados

Paciente de 34 anos, masculino, com queixa de dor, hiperemia e secreção ocular bilateral há 1 mês. Realizada investigação de histórico clínico, constatando-se uso de várias medicações durante a internação em serviço externo (azitromicina, ceftriaxone, fluconazol, nistatina, penicilina benzatina, clindamicina, diclofenaco e cetoprofeno). Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual no olho direito de conta-dedos a 1 metro e no olho esquerdo de conta-dedos a 2 metros, pressão intraocular de 14 mmHg no olho direito e 12 mmHg no olho esquerdo, com fundoscopia bilateral dentro da normalidade. À biomicroscopia anterior do olho direito, presença de hiperemia conjuntival difusa, encurtamento do fórnice conjuntival inferior, simbléfaro e pseudomembranas em conjuntiva tarsal, com desepitelização corneo-conjuntival extensa. À biomicroscopia anterior do olho esquerdo, presença de hiperemia conjuntival difusa, ceratite grosseira e pseudomembranas em conjuntiva tarsal. Realizada hipótese de conjuntivite aguda pseudomembranosa secundária à farmacodermia (Síndrome de Stevens-Johnson), iniciando-se tratamento com raspagem de pseudomembranas diariamente, introdução de acetato de prednisolona 1%, moxifloxacino 0.5%, hialuronato de sódio 0,15% e doxiciclina. O paciente apresentou melhora da acuidade visual (no olho direito 20/80, no olho esquerdo 20/60), porém indicado recobrimento com membrana amniótica tarsoconjuntival no olho direito, realizado com 20 dias após início do tratamento. Em 2 meses, apresentou acuidade visual final de 20/50 no olho direito e 20/30 no olho esquerdo, além de melhora das lesões em mucosas e dermatológicas.

Conclusões

A SJS pode levar a complicações oculares graves. O uso da membrana amniótica tem ação antiinflamatória e auxilia na recuperação tecidual. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado permitiram um desfecho visual satisfatório com boa evolução clínica do paciente.

Palavras Chave

stevens-jonhson, conjuntivite, farmacodermia

Arquivos

Área

Patologia Clínica

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

CAMILA KASE, RENATA CAVALCANTI PORTELA