SINDROME DOS MULTIPLOS PONTOS BRANCOS EVANESCENTES: UM RELATO DE CASO.
Descrever a evolução clínica de um paciente adolescente acometido pela Síndrome dos Múltiplos Pontos Brancos Evanescentes (MEWDS); demonstrando o progresso clínico acompanhado de exames complementares.
Paciente S.C.S.S., sexo masculino, 15 anos, pardo, procedente de Uberaba, Minas Gerais, previamente hígido, deu entrada no Pronto Socorro Oftalmológico da Universidade Federal do Triângulo Mineiro com queixa de diminuição súbita da acuidade visual (AV) de olho esquerdo com escotoma central há 6 dias da consulta. Negava dor ou história de trauma ocular. Relatava história anterior de síndrome gripal há 20 dias. Ao exame inicial, apresentava AV de 20/20 (OD) e 20/70 (OE); tonometria de 16 (OD) e 14 (OE) mmHg. À biomicroscopia, sem alterações em segmento anterior. A oftalmoscopia indireta de OE evidenciou lesões branco-acinzentadas em média periferia retiniana, de predomínio inferior, de diâmetro menor que o disco óptico, documentadas pela retinografia. As imagens obtidas pela Tomografia de Coerência Óptica (OCT) demonstraram descontinuidade na camada IS/ES foveal. Somados tais fatores, foi aventada, entre outras, a hipótese diagnóstica de MEWDS e iniciada corticoterapia oral em dose antiinflamatória de prednisona em desmame e acompanhamento ambulatorial. Em consulta 30 dias após, mantinha a AV do exame inicial e a fundoscopia apresentava atenuação relativa das lesões, sem alterações evidentes à angiofluoresceínografia (AF). Dois meses após o início do quadro, relatava melhora do escotoma com AV de OE de 20/25, com marcas residuais de coroidite ao fundo de olho. Realizado OCT de controle, revelando reconstituição subtotal do IS/ES.
A MEWDS é uma doença rara, idiopática e normalmente unilateral. Acomete principalmente pacientes hígidos, jovens, do sexo feminino (4:1). Aproximadamente um terço dos pacientes apresentam pródromo viral. Os sintomas incluem alterações agudas e indolores como redução da AV, escotomas, fotopsias e floaters. No pólo posterior e na média periferia são observadas múltiplas lesões branco-acinzentadas nas camadas externas ou do epitélio pigmentar retiniano. A AF pode demonstrar pontos com hiperfluorescência precoce com impregnação tardia. O OCT evidencia disrupção das camadas externas retinianas. Essa condição é auto-limitada, sem tratamento preconizado, com recorrência pouco usual. No paciente em questão, as evidências clínicas, associadas à retinografia e ao OCT corroboraram para o diagnóstico de MEWDS.
Síndrome dos múltiplos pontos brancos evanescentes; MEWDS; capilaropatia inflamatória primária; relato de caso.
Úveites
Clínico
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Minas Gerais - Brasil
SEBASTIAO PIMENTA DE MORAES NETO, CELSO RIBEIRO ANGELO DE MENEZES FILHO, RITA TEREZA CUNHA PAES