TÍTULO

CARACTERISTICAS EPIDEMIOLOGICAS DAS UVEITES EM SERVIÇO TERCIARIO DE BELO HORIZONTE, BRASIL

INTRODUÇÃO

As uveítes consistem em um conjunto de doenças caracterizado por inflamação intraocular envolvendo principalmente o trato uveal, embora a inflamação dos tecidos adjacentes também possa ocorrer. Elas podem ser causadas por numerosas doenças infecciosas e não infecciosas, como afeccções imunológicas e uma variedade de doenças sistêmicas. Apesar de importantes causas de baixa de visão, os trabalhos envolvendo aspectos epidemiológicos das uveítes são um tanto quanto escassos. Este conhecimento é fundamental para o estabelecimento de prioridades de estudos e para nortear o raciocínio diagnóstico na prática oftalmológica. A importância desse trabalho se deve à ausência de estudo semelhante recente em Belo Horizonte.

OBJETIVO

Analisar aspectos epidemiológicos das uveítes em pacientes atendidos no Departamento de Uveítes da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte no período de janeiro a novembro de 2016.

MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de um estudo retrospectivo transversal observacional baseado em prontuários de 205 pacientes atendidos no período supracitado. Foram analisados idade, sexo, procedência, diagnósticos anatômico e etiológico, lateralidade e tempo de acompanhamento.

RESULTADOS

A distribuição etária dos pacientes foi a seguinte: 2,9% entre 5 a 10 anos; 11,2% entre 11 e 20 anos, 67,8% entre 21 a 60 anos, e 17,5% acima de 60 anos. A porcentagem de mulheres foi de 66% e 34% do sexo masculino. Destes, 59% eram provenientes de Belo Horizonte, 41% do interior do estado e 0,4% com residência em outro estado. Quanto à classificação segundo o diagnóstico anatômico, 25,8% eram de uveíte anterior, 8,2% de uveítes intermediárias, 28% de uveítes posteriores e 34,1% de panuveítes. As causas infecciosas foram responsáveis por 37% das uveítes posteriores, sendo a toxoplasmose a principal etiologia. As causas não infecciosas foram responsáveis por 50% das pauveítes, com destaque para Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada (SVKH) como principal etiologia, e 40% das uveítes anteriores, com destaque para a Iridociclite Heterocrômica de Fuchs. Não foi definido diagnóstico em 17% do total das uveítes.

DISCUSSÃO / CONCLUSÃO

O presente estudo mostra a importância das uveítes infecciosas (toxoplasmose) e das uveítes endógenas (Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada e doença de Behçet) em nosso meio. Trata-se de estudo baseado em atendimentos de um serviço terciário; portanto não reflete as características da prática oftalmológica geral. Mostra, porém, as características populacionais locais comparativamente a outros estudos.

Palavras Chave

UVEÍTE; EPIDEMIOLOGIA; ETIOLOGIA; UVEÍTE ANTERIOR/EPIDEMIOLOGIA; UVEÍTE INTERMEDIÁRIA/EPIDEMIOLOGIA; UVEÍTE POSTERIOR/EPIDEMIOLOGIA