VOGT KOYANAGI HARADA COM APRESENTAÇAO ATIPICA
Relatar um caso de VKH com apresentação atípica ,devido ao envolvimento bilateral porém assimétrico e sem alterações inflamatórias no segmento anterior.As crises de uveíte ocorreram de maneira isolada ora num olho e ora em outro.
Masculino, 21 anos, estudante, procedente de Belo Horizonte, queixa-se de baixa visual em olho direito com início há dois dias.Nega doenças sistêmicas e uso de medicamentos.Apresenta acuidade visual: OD: Conta dedos a 1mt e OE:20/20. Biomicroscopia: OD:OE: Câmara anterior opticamente vazia e sem sinais de desarranjo arquitetônico do segmento anterior, discreta celularidade vítrea à direita.Fundoscopia: OD: Hiperemia de disco óptico, áreas de coroidite multifocal coalescentes e descolamento seroso peripapilar. OE: sem alterações.Realizado internamento hospitalar e diagnóstico presumível de VKH, solicitado exames de sangue e punção lombar.Dois dias após a internação apresenta piora da visão e observa-se descolamento macular em olho direito.Exames sem alterações e punção liquórica mostra pleocitose.Realizado pulsoterapia com metilprednisolona e melhora gradativa da visão e do quadro ocular.Dado alta e iniciado prednisona oral com retirada gradativa. Após 03 meses de tratamento apresentava AV : OD:20/30 e OE:20/20 e sem sinais inflamatórios de atividade.Com 01 ano de tratamento retirou-se o corticóide oral e marcada nova reavaliação em 30 dias.Após 15 dias retorna com baixa visual em olho esquerdo, ao exame apresentava: AV:OD:20/30 e OE: CD a 01 mt; biomicroscopia: Câmara anterior opticamente vazia e discreta celularidade vítrea; fundoscopia: OD:sem alterações e OE: descolamento seroso de todo o pólo posterior e pequena oclusão de ramo, Po:13/14 mmHg. Reinternado e feita nova pulsoterapia com corticóide, apresentando melhora gradativa do quadro inflamatório. Prescrito corticoterapia oral e imunossupressor oral. Atualmente apresenta AV: OD: 20/30 e OE:20/30 p, sem crises há 10 anos e usando dose mínima de imunossupressor.
O VKH caracteriza-se por ser um quadro de uveíte bilateral e na grande maioria das vezes com comprometimento simétrico. Ausência de trauma perfurante, iridociclite geralmente granulomatosa, turvação vítrea, descolamento seroso de retina, comprometimento do nervo óptico e espessamento de coróide são critérios diagnóstico para esta síndrome. O caso relatado demonstra que na verdade o VKH apresenta um grande espectro inflamatório e quando este conceito é ignorado torna-se difícil o diagnóstico.
Úveites
Clínico
Santa Casa de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
JULIANA DA CUNHA PIMENTEL ULHOA, Wilton Feitosa de Araújo, André de Castro Petti, Bernardo Franco de Carvalho Tom Back, Renata de Sousa Carneiro