TRATAMENTO DE ESCOLHA PARA SIFILIS OCULAR, UM NOVO DESAFIO
Relatar o comportamento dos pacientes com diagnóstico de uveíte sifilítica tratados com ceftriaxona endovenosa.
Paciente do sexo feminino, 56 anos, deu entrada na SCM-BH em 11/08/16 com fotopsia há 1 semana e BAV em AO há 3 dias. Negava dor, trauma, cirurgia ocular, febre e zumbido. Historia de IAM prévio, HAS, tabagismo, tuberculose pleural confirmada por biópsia e tratada há 5 anos. Queixava-se de artralgia difusa, alopécia, emagrecimento importante nos últimos 6 meses, lesões cutâneas descamativas em tronco, pescoço, MMSS e MMII, com acometimento de palmas e plantas. Ao exame: AV c/c 0,2 e 0,4. Biomicroscopia: olhos calmos, córneas transparentes, punctatas leves difusas em AO. CAF com RCA 1+ em AO. Íris com nódulos de Busacca em OD a 9 hs. Celularidade vítrea em AO. Tonometria: 19/19. Fundoscopia em AO: papilite bilateral, arcadas vasculares com tortuosidade venosa discreta. Ausência de hemorragias, exsudatos e vasculite. Lesões pequenas, brancacentas e profundas, distribuídas por toda a coroide. Diante do quadro, os diagnósticos diferenciais foram sífilis, tuberculose, sarcoidose e síndrome paraneoplásica. Exames laboratoriais evidenciaram VDRL 1:256 no sangue e negativo no líquor. FTA-ABs reagente e demais exames normais. Após o diagnóstico foi internada para tratamento. Devido a indisponibilidade de penicilina em nosso serviço, optou-se por Ceftriaxona 1g EV de 12/12 horas, por 14 dias. Paciente apresentou melhora importante dos sintomas. Recebeu alta com AV c/c 1,0 e 1,0, sem RCA e celularidade vítrea, ainda com edema de papila em AO. Prescrito Doxiciclina 100 mg VO 12/12hs por 30 dias. Retornou em 06/10/16 assintomática, com AV c/c 1,0 e 1,0, sem RCA, com disco óptico normal em OD e com edema leve em OE. Em 04/10/16, VDRL Reagente, título 1:16. Está em acompanhamento nesse serviço.
O Brasil está vivendo uma epidemia de sífilis, por isso, as uveítes luéticas apresentaram um aumento exponencial na sua incidência. A falta de penicilina cristalina no mercado fez com que a ceftriaxona se tornasse o novo tratamento de escolha. Como sua eficácia é menor, muitas vezes a associação com doxiciclina oral por longos períodos se faz necessária. Assim, é mister o controle rigoroso desses pacientes para identificarmos as recidivas da doenças e podermos eleger um novo esquema ideal de tratamento.
Sífilis ocular
Úveites
Clínico
Santa Casa de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
MARCOS GUIMARAES SILVA, RENATA DE SOUSA CARNEIRO, LUIS FELIPE DA SILVA ALVES CARNEIRO, TATIANA QUEIROZ CAIXETA