Dados do Trabalho


TÍTULO

CORREÇAO DOS COMPARTIMENTOS MEDIO E POSTERIOR DO ASSOALHO PELVICO POR VIAS PERINEAL E VAGINAL SEM USO DE TELA – DESCRIÇAO DE TECNICA E SERIE DE CASOS

OBJETIVO

Descrever técnica para correção do compartimento médio/posterior do assoalho pélvico e tratamento extra mucoso da parede retal, por vias perineal e vaginal, utilizando tecidos nativos e apresentar os resultados da cirurgia em 20 pacientes submetidas à técnica.

MÉTODO

Foram avaliadas 20 mulheres apresentando retocele sintomática no período de Junho/2015 a Março/2020. Todas as pacientes foram submetidas à correção dos compartimentos médio/posterior do assoalho pélvico por vias perineal e vaginal, conforme descrito na técnica apresentada. As pacientes responderam ao questionário padronizado, baseado no escore de constipação de Agachan aplicado no pré operatório, um ano após o procedimento e no momento atual, por meio de entrevista telefônica. O diagnóstico foi realizado em todas as pacientes por exame proctológico e defecografia por ressonância magnética da pelve.

RESULTADOS

Neste período, foram operadas 20 pacientes com idades entre 37 e 81 anos (média 63,9 anos) que apresentavam sintomas clássicos de defecação obstruída.
Não houve complicação em pós operatório imediato. Apenas uma paciente apresentou fistula retovaginal em 8º DPO, porém com resolução espontânea até o 30o DPO. Foi comum a deiscência parcial do fechamento perineal (5 pacientes), com cicatrização por segunda intenção. Duas pacientes faleceram no período em decorrência de comorbidades não associadas a cirurgia (1 e 4 anos de pós-operatório).
Todas as pacientes submetidas ao questionário no pré operatório e pós operatório em 1 ano apresentaram melhora do escore de Agachan com diminuição significativa da média (p < 0,00001). Todas responderam que fariam novamente a cirurgia se fosse necessário e estavam satisfeitas com os resultados. Das 13 pacientes que responderam a avaliação atual, quando perguntadas como se sentiam - pior, igual ou melhor - no momento atual comparado ao pós operatório, 11 referiram se sentir melhor e 2 referiram se sentir igual, estas devido à necessidade de ainda utilizar medicação laxativa para manutenção de bom hábito evacuatório.
Doze pacientes tiveram o escore de Agachan estabelecido no préoperatório – valor mínimo foi 5 e valor máximo 21, com média de 12,67. Estas pacientes em 1 ano pós operatório apresentaram Agachan médio de 6,75 com < 0,001 (valores mínimo de 1 e máximo de 12).
Apenas 33% das pacientes apresentaram Agachan menor ou igual a 10 no pré operatório enquanto 80% das pacientes tiveram Agachan < 10 no pós-operatório (com um ano ou atual). O Agachan maior no pré-operatório relacionou-se com escore mais alto no pós-operatório.

CONCLUSÕES

A correção dos compartimentos médio/posterior do assoalho pélvico por vias perineal e vaginal sem uso de tela é adequada para tratamento do distúrbio de defecação obstruída causada por retocele. Mostrou-se como técnica eficaz e com baixo risco para complicações com correção anatômica adequada, associada a melhora significativa dos escores de constipação.

PALAVRAS CHAVE

Retocele; Descenso de assoalho pélvico; Cirurgia transperineal; Cirurgia transvaginal; Prolapso de órgãos pélvicos

Área

CONSTIPAÇÃO E DOENÇAS DO ASSOALHO PÉLVICO

Instituições

Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - IPSEMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

RAQUEL FERREIRA NOGUEIRA, RENATA SOARES PAOLINELLI BOTINHA MACEDO, SINARA MÔNICA DE OLIVEIRA LEITE