Dados do Trabalho
TÍTULO
OSTEOMIELITE SACRAL EM DOENÇA DE CROHN FISTULIZANTE
INTRODUÇÃO
Osteomielite associada a doença de Crohn é muito rara. A dificuldade diagnóstica retarda o tratamento adequado, dando margem a complicações potencialmente graves como envolvimento de raízes nervosas, parestesia, paralisia e meningite. Relatamos um caso de fístula entre o reto e a região sacral, enfatizando a importância da ressonância nuclear magnética (RNM) no diagnostico precoce, e tratamento adequado multidisciplinar para evitar desfecho desfavorável.
RELATO DE CASO
MPA, sexo feminino, 32 anos, procurou a equipe de coloproctologia para seguimento de doença de Crohn em abril de 2019. Paciente diagnosticada em 2010, com início de sintomas no mesmo ano. Uso prévio de certolizumabe pegol, adalimumabe, azatioprina, mesalazina e corticosteróides, sem resposta ao tratamento.
Havia sido submetida a procedimentos cirúrgicos prévios. Em 2013 enterectomia, apendicectomia, colecistectomia (por colelitíase) e estomia. No mesmo ano fechamento da estomia. Em 2017, submetida a enterectomia por abdome agudo obstrutivo.
Em 05/2019, apresentou fístula enterocutânea e foi submetida a ressecção do íleo terminal. Nessa cirurgia evidenciadas lesões sugestivas de endometriose que se confirmou em biópsia. Em 07/2019 foi iniciado infliximabe.
Em 07/2020, diagnosticada com fístula retossacral, osteomielite sacral e indicada abordagem cirúrgica (retossigmoidectomia, sepultamento do reto e colostomia terminal). Iniciado tratamento conjunto com equipe de infectologia para osteomielite com antibioticoterapia que perdurou por 6 meses.
Avaliação por RNM lombossacral e pélvica mostrou persistência das alterações na coluna sacral. A avaliação do coto retal mostrou melhora do processo inflamatório.
Programação terapêutica: aguardamos melhora dos sinais de osteomielite para reconstrução do transito.
DISCUSSÃO
Osteomielite vertebral associada a doença de Crohn apresenta poucos casos descritos na literatura. O primeiro descrito em 1969 e desde então poucos relatos publicados. Dor na região lombossacral persistente é um dos poucos sintomas que chamam atenção para o diagnóstico. Acredita-se que o mecanismo de disseminação seja por extensão direta, massa pélvica ou trajeto fistuloso, acompanhado ou não de abscesso. Sugere-se ainda que seja o resultado de uma tromboflebite séptica, extendendo-se do plexo venoso vertebral retroperitoneal para os ossos vertebrais.
Neste caso citado a fístula entre o reto e o sacro era evidente o que levantou a hipótese de osteomielite. Diagnóstico diferencial deve ser feito com espondilite anquilosante e sacroileíte, que são manifestações extra intestinais da doença. O exame ideal para diagnóstico é RNM de pelve.
O tratamento incluiu a ressecção do segmento de reto que continha a fístula, ressecção do trajeto, colostomia e antibioticoterapia. O tratamento agressivo aumenta a probabilidade de resolução da osteomielite e reconstrução do transito. Esse caso ilustra a importância da suspeita e consequente elucidação diagnóstica para que o tratamento adequado seja implementado.
PALAVRAS CHAVE
doença de Crohn, osteomielite
Área
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO
Instituições
BP - A BENEFICIENCIA PORTUGUESA DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil
Autores
NATHACIA BERNARDO CHIMELLO, SILVIA CAROLINE NEVES RIBEIRO, BERNARDO CUNHA RIBAS, PRISCILA ARGENTO REBELO, DANIEL TEIXEIRA ALENCAR, CASSIA CAROLINE EMILIO, MAGALY GEMIO TEIXEIRA