Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOCARCINOMA MUCINOSO DE RETO EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O câncer colorretal (CCR) é causa comum de óbito em paciente com doença de Crohn (DC). Os principais fatores de risco para desenvolvimento de CCR nestes pacientes são a duração e extensão da doença, e a presença de inflamação intensa e/ou displasia. Relatamos uma paciente com DC ileocolônica de longa duração, que desenvolveu adenocarcinoma mucinoso em reto.

RELATO DE CASO

Mulher, 33 anos, branca, diagnosticada com DC de íleo terminal e colorretal aos 12 anos de idade. Passou por consulta no nosso Ambulatório de Doença Inflamatória Intestinal (DII) em 2014. Colonoscopia demostrava processo inflamatório moderado nos cólons, compatível com DC em atividade, e lesões elevadas no reto, com anatomopatológico de displasia moderada. Perdeu seguimento e há 5 meses deu entrada no Pronto Socorro com queixa de dor abdominal, diarreia mucossanguinolenta e afilamento de fezes, com perda ponderal de 10 kg em 3 meses. No toque retal evidenciava-se lesão vegetante, endurecida, sugestiva de neoplasia. Na colonoscopia visibilizada lesão úlcero-vegetante, subestenosante, iniciando-se a 3 cm da linha pectínea, com anatomopatológico revelando adenocarcinoma mucinoso com células em anel de sinete. Ressonância magnética nuclear e tomografia computadorizada demonstraram lesão de reto localmente avançado, sem metástases à distância. Exames pré-operatórios evidenciaram uma anemia intensa (Hb= 4,9 g/dL) e desnutrição grave (pré-albumina= 4,4 mg/dL). Após suporte nutricional e hemotransfusão, foi submetida à proctocolectomia total com amputação interesfincteriana e esvaziamento pélvico bilateral, ressecção do íleo distal e ileostomia terminal, além de biópsia hepática. Evoluiu com íleo prolongado, com alta hospitalar no 13º dia de pós-operatório. Anatomopatológico do espécime cirúrgico foi compatível com doença de Crohn e adenocarcinoma mucinoso com células de anel em sinete no reto. Biópsia hepática revelou colangite esclerosante primária (CEP). Atualmente, a paciente se encontra em tratamento quimioterápico e sem evidência de recidiva da doença.

DISCUSSÃO

Pacientes com DII possuem 2-6 vezes mais risco de desenvolver CCR do que a população geral, e quando apresentam a neoplasia, geralmente ocorrem em idade mais jovem do que no CCR esporádico. Os tumores mucinosos representam mais da metade dos CCR associados a DC e a maioria é limitada a região anorretal. Existem diversos fatores de risco para o desenvolvimento de CCR nos pacientes com DII como a duração e extensão da doença, presença de inflamação intensa e/ou displasia, história familiar de CCR, idade ao diagnóstico e presença de CEP. A prevenção do CCR na DII é realizada pelo rastreamento adequado da displasia, com exames de colonoscopia com cromoscopia e aparelhos de alta resolução, realizando-se biópsias dirigidas. A paciente do caso relatado possuía vários fatores de risco para desenvolvimento do CCR, não teve um acompanhamento adequado, e foi diagnosticado com câncer avançado do reto.

PALAVRAS CHAVE

Doença de Crohn, Câncer do Reto, Adenocarcinoma

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

Grupo de Coloproctologia - Disciplina de Moléstias do Aparelho Digestivo - FCM - Unicampo - São Paulo - Brasil

Autores

AMANDA PEREIRA LIMA, CLAUDIO SADDY RODRIGUES COY, JOÃO JOSÉ FAGUNDES, MICHEL GARDERE CAMARGO, CARLOS AUGUSTO REAL MARTINEZ, RITA BARBOSA DE CARVALHO, RAQUEL FRANCO LEAL, MARIA DE LOURDES SETSUKO AYRIZONO