Dados do Trabalho


TÍTULO

DESENVOLVIMENTO PRECOCE DE NEOPLASIA MALIGNA DO ILEO EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN FISTULIZANTE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O risco de desenvolvimento de adenocarcinoma do intestino delgado (AID) é substancialmente maior nos pacientes com diagnóstico de doença de Crohn (DC). Esse risco está associado a fatores genéticos, dietéticos e ambientais. O sítio e a intensidade da inflamação também exercem influência. O objetivo do presente estudo é relatar o caso de DC grave e fistulizante complicada por AID de desenvolvimento precoce no curso da doença de base

RELATO DE CASO

Paciente masculino de 55 anos. Diagnosticado com DC ileocolônica há 2 anos, em terapia combinada com adalimumabe (ADA) e azatioprina (AZA). Apesar do tratamento, mantinha episódios de suboclusão intestinal. Realizado colonoscopia que evidenciou inflamação do sigmoide com fístula para o delgado. A ressonância magnética demonstrou intensa atividade inflamatória do delgado com diminuição da mobilidade das alças, imagem sugestiva de fístula enteroentérica e depósito suspeito para neoplasia ileal mucinosa. Optado por abordagem cirúrgica e identificado lesão tumoral volumosa, endurecida, friável e ulcerada no íleo terminal, gerando aderências entre as alças ileais, complicada com fístula enterossigmoide. Realizado ileocolectomia direita e fistulectomia com rafia primaria do sigmoide. O transito intestinal foi reconstituído através de uma ileodescendente anastomose laterolateral grampeada. O anatomopatológico demonstrou adenocarcinoma tubular moderadamente diferenciado em 2 segmentos não contínuos de delgado, com áreas mucinosas, estadiamento oncológico T3N0M0. Teve alta no quinto dia pós operatório e atualmente se encontra em quimioterapia adjuvante, sem sinais de atividade clínica da doença de Crohn e sem recidiva do AID

DISCUSSÃO

Na DC o AID é mais comum em homens jovens e com doença no jejuno distal e íleo terminal. A presença de complicações como estenoses e fístulas entre alças intestinais também confere maior risco de malignização. Portanto, em pacientes com falha à terapia clínica é importante afastar a possibilidade de complicações cirúrgicas e neoplásicas, uma vez que a persistência da terapia medicamentosa pode retardar o tratamento definitivo. A ressecção ampla do segmento afetado é a abordagem de escolha no AID. O prognóstico costuma ser ruim e taxa de sobrevida média abaixo de 30% em dois anos, particularmente nos pacientes com acometimento linfonodal ou metástases à distância. Não existe recomendação específica de rastreamento do AID, entretanto o controle da inflamação da mucosa e a indicação cirúrgica apropriada na falha clínica parecem ser medidas profilática apropriadas.

PALAVRAS CHAVE

Doença de Crohn, Neoplasia, Cirurgia

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

HC FMRP USP - São Paulo - Brasil

Autores

ALANA PADILHA FONTANELLA, MARIA JULIA SEGANTINI, LUCAS DE OLIVEIRA ALMEIDA, MARLEY RIBEIRO FEITOSA, ROGERIO SERAFIM PARRA, ANTONIO BALESTRIM FILHO, OMAR FERES, JOSE JOAQUIM RIBEIRO DA ROCHA