Dados do Trabalho


TÍTULO

TRATAMENTO ENDOVASCULAR DE TROMBOSE DE ARTERIA MESENTERICA SUPERIOR (AMS) EM PACIENTE COM NEOPLASIA DE RETO AVANÇADA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A isquemia mesentérica é a interrupção do fluxo sanguíneo dos principais órgãos irrigados por esse sistema, sendo a forma crônica correspondente a 5% das isquemias. A aterosclerose é o fator mais comumente associado. O quadro é caracterizado frequentemente por dor abdominal que piora com a alimentação levando a perda ponderal progressiva em grande parte dos casos. O tratamento consiste no restabelecimento do fluxo sanguíneo que pode ser obtido por meio de abordagem cirúrgica, clínica ou endovascular, sendo esta a forma menos invasiva e com menor morbimortalidade.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 63 anos, hipertenso, diabético, tabagista (150 maços.ano), com carcinoma de células escamosas de canal anal localmente avançado e irressecável, interna para realização de derivação de trânsito intestinal de urgência - sigmoidostomia em alça- por obstrução intestinal. Cinco dias após o procedimento, paciente reinterna com quadro de dor abdominal difusa de forte intensidade. Realizada tomografia de abdome que evidenciou imagem sugestiva de trombose de artéria mesentérica superior (AMS), confirmada pela angiotomografia a qual apresentou estenose significativa no segmento proximal da AMS com discreta distensão de alças de delgado e ceco. Acionado o serviço de cirurgia vascular que realizou aortografia e arteriografia mesentérica revelando suboclusão do vaso imediatamente após seu óstio, com sinais de estenose crônica. Indicada abordagem endovascular com implante de stent percutâneo. Após 15 dias, o paciente compareceu à consulta de retorno referindo melhora completa dos sintomas e sem recorrência do quadro de dor até o momento.

DISCUSSÃO

O método diagnóstico desta patologia é a aortografia em dois planos com incidência lateral, principalmente quando métodos menos invasivos foram inconclusivos. O tratamento normalmente consiste em endarterectomia transaórtica por enxerto ou percutânea, sendo o tratamento endovascular mais indicado. Por ser pouco invasivo, não requer anestesia geral, cursando com redução significativa da hospitalização. Embora a técnica seja promissora, alguns relatos de séries de casos tratados por angioplastia com balão e/ou stent evidenciaram maior recorrência dos sintomas após essa conduta, sendo no entanto possível a reintervenção com a mesma técnica nesses casos.
Apesar do método apresentar possíveis falhas, atualmente vem ganhando espaço como escolha para pacientes com elevado risco cardiovascular com boas possibilidades de reabilitação. No entanto, apesar da evolução técnica no tratamento, o diagnóstico precoce parece ser o fator de maior determinação para um desfecho favorável. No caso descrito, a escolha de um tratamento menos invasivo foi fundamental para reduzir a morbidade podendo desta forma oferecer melhor qualidade de vida a este perfil de paciente, que apresentava doença oncológica avançada e sem proposta curativa.

PALAVRAS CHAVE

isquemia mesentérica; neoplasia de reto; endovascular

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Universitário Pedro Ernesto - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

LUISA DE REZENDE CECILIO FARES, FRANCISCO LOPES PAULO, PAULO CESAR DE CASTRO JUNIOR, PATRICK DARGAINS MEDRADO, DAVID CUNHA HAIUT, DEBORA ALVES DOMINGUES PEREIRA, FLAVIA APELBAUM, LIVIA CISNE KOENOW