Dados do Trabalho


TÍTULO

DIAGNOSTICO INCIDENTAL DE CARCINOMA ESPINOCELULAR EM FISTULA ENTEROCUTANEA DE PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN

INTRODUÇÃO

O carcinoma espinocelular (CEC) que se desenvolve em fístulas enterocutâneas e feridas crônicas na pele em pacientes com Doença de Crohn (DC) é um fenômeno raro, e essa propensão à degeneração maligna tem sido cada vez mais associada a imunossupressão. O diagnóstico e o tratamento desta entidade geralmente são tardios devido à baixa suspeição clínica. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de CEC em fístula enterocutânea de paciente portador de DC, com revisão de literatura.

RELATO DE CASO

O.L.S.P, 73 anos, masculino, portador de DC desde os 29 anos, submetido na época a colectomia direita devido a quadro de abdome agudo obstrutivo. Aos 61 anos, realizou prostatectomia radical, com múltiplas reabordagens e de peritoneostomia por complicações cirúrgicas. Evoluiu com hérnia incisional gigante e formação de fistula enterocutânea. Desde então, veio em acompanhamento ambulatorial em uso de infliximabe. Atualmente, encontra-se em uso de adalimumabe, a cerca de 3 anos. Durante seguimento realizou enteroressonância que identificou estenose em área de anastomose íleo-colônica e em íleo terminal à cerca de 10 cm da anastomose. À colonoscopia não foi possível progressão do aparelho na anastomose, sendo encaminhado para avaliação coloproctológica. O paciente foi submetido a reconstrução da parede abdominal com tela biológica, com enterectomia para correção da fístula enterocutânea e para confecção de nova anastomose ileocolônica. O estudo anatomopatológico do produto de ressecção em bloco da pele e fistula enterocutânea evidenciou carcinoma escamocelular bem diferenciado de pele. Paciente segue com evolução pós-operatória satisfatória, em acompanhamento clínico da doença da Crohn.

DISCUSSÃO

A associação entre DC e a transformação carcinomatosa de fistulas não é totalmente compreendida, mas pode estar relacionada a atrasos na cicatrização da ferida, regeneração constante da mucosa e alta renovação celular, ou às terapias imunossupressoras usadas para tratar a DC. O uso crônico de imunossupressores, como a azatioprina, pode atrasar a cicatrização de feridas e aumentar o risco de transformação maligna. Uma revisão sistemática realizada por Thomas e colaboradores encontrou duração média de 19 anos da doença de Crohn e duração de fístula de 9,5 anos antes da detecção do câncer. Além disso, houve uma falha em detectar o câncer em 59% dos pacientes no momento do exame inicial, com apenas 20% dos pacientes com características suspeitas de malignidade. Nosso paciente se enquadra nas estatísticas apresentadas e ilustra a dificuldade de diagnosticar malignidade neste cenário. Um alto grau de suspeição deve estar presente em pacientes com fistulas de difícil cicatrização, e destacamos o potencial aumento do risco de câncer em pacientes em tratamento com imunossupressores.

PALAVRAS CHAVE

DOENÇA DE CROHN, CARCINOMA ESPINOCELELAR, FISTULAS

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

HOSPITAL SAO RAFAEL - Bahia - Brasil

Autores

JACQUELINNY LOPES MACEDO, LINA MARIA GÓES CODES, ISABELA DIAS MARQUES CRUZ, ALINE LANDIM MANO, THAMY CRISTINE SANTANA MARQUES, MAYARA MARAUX MARANHÃO, BRUNA SANTOS FREITAS, EULER MEDEIROS AZARO FILHO