Dados do Trabalho
TÍTULO
VARIZES IDIOPATICAS DO COLON DO TIPO FAMILIAR, UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Varizes do cólon são raras, com incidência estimada em 0,07%. Geralmente estão associadas a hipertensão portal, de etiologia hepática ou extra-hepática. Na ausência de uma causa definida, são denominadas varizes idiopáticas do cólon (VIC), sendo ainda mais raras, com menos de 50 casos descritos na literatura. O tipo familiar é considerado quando afeta mais de um membro da família e alguns autores acreditam ter herança autossômica recessiva. A idade de início é variável, sendo mais frequente o padrão de localização pancolônica. A sua manifestação mais comum é hemorragia digestiva baixa (HDB) de intensidade variável.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 58 anos, diagnosticado com VIC em 2015 durante colonoscopia para rastreio de câncer colorretal (CaCR). Assintomático, com hábito intestinal regular e sem episódios prévios de HDB. Apresenta como comorbidade apenas glaucoma e cirurgia prévia de herniorrafia inguinal à direita. Nega etilismo ou tabagismo. Realizou nova colonoscopia em dezembro de 2020, sendo identificadas varizes de grande calibre em todo o cólon, sem sinal de sangramento. Identificado ainda um pólipo em cólon ascendente e outro em sigmoide, sendo realizado polipectomias. Não apresentou sangramento após o procedimento. Anatomia patológica mostrou tratar-se de pólipos adenomatosos, com displasia de baixo grau. Como conduta, optado por acompanhamento ambulatorial e indicado repetir colonoscopia em três anos. Esse paciente apresenta ainda história familiar positiva para varizes de cólon: irmã com forma sintomática, apresentando hematoquezia desde os 17 anos de idade. A mesma foi submetida à colectomia parcial em caráter de urgência aos 25 anos de idade, mas sem resolução completa dos episódios de HDB.
DISCUSSÃO
O diagnóstico de VIC consiste na detecção das varizes e exclusão de hipertensão portal como causa. O exame de escolha é a colonoscopia, com visualização direta dos vasos dilatados e tortuosos na parede intestinal. O tratamento varia desde manejo conservador até colectomia total. Uma revisão da literatura mostrou taxa de sucesso com tratamento conservador de 68%, porém o resultado a longo prazo é desconhecido. Outras opções de tratamento descritas incluem ligadura endoscópica, escleroterapia e ressecção cirúrgica do segmento afetado. Mesmo com tratamento cirúrgico, não há dados da redução do risco de sangramento subsequente. No caso em questão, a irmã do paciente manteve episódios de hematoquezia mesmo após a cirurgia. Pacientes com VIC podem apresentar outras lesões colônicas com necessidade de tratamento endoscópico. Na literatura são relatados casos de sangramento significativo após biópsias e polipectomias nessa população. Semelhante ao caso relatado, Miwa et al. relatam uma experiência de sucesso com polipectomia em paciente portador de VIC. O aumento do número de colonoscopias realizadas para rastreio de CaCR, pode levar ao aumento do diagnóstico de casos assintomáticos de varizes de cólon, como no caso descrito acima.
PALAVRAS CHAVE
Varizes de cólon. Varizes ileocolônicas. Hemorragia gastrointestinal. Pólipo do cólon.
Área
MISCELÂNEA
Instituições
Hospital Felício Rocho - Minas Gerais - Brasil
Autores
HÉLIDA ALINE TOMACHESKI AMARAL, JÉSSICA GIRUNDI GUIMARÃES, CRISTIANE KOIZIMI MARTOS FERNANDES, RAFAEL FERNANDES RODRIGUES, CLARA DUARTE COSTA PINTO, THAIS ANDRESSA SILVA FAIER, JAIRO SEBASTIAN ASTUDILLO VALLEJO, FÁBIO LOPES QUEIROZ