Dados do Trabalho


TÍTULO

CARCINOMA ADENOESCAMOSO DE COLON DIREITO

INTRODUÇÃO

O carcinoma adenoescamoso corresponde a 0,02-0,1% dos tumores colorretais e é composto por componentes glandular e escamoso. Esses tumores apresentam comportamento mais agressivo do que o adenocarcinoma, com pior prognóstico. Devido à escassez de estudos da doença, sua carcinogênese e tratamento não são bem definidos. Assim, este caso ilustra tal raridade e discute a adjuvância como ponto central do questionamento terapêutico.

RELATO DE CASO

Mulher, 70 anos, sem comorbidades. Queixava-se de dor abdominal, diarréia, fadiga, perda ponderal 4kg em 1 mês e tumoração palpável em flanco direito. Ao exame, Karnofsky 100%, descorada e com tumoração palpável de cerca de 10cm, móvel e dolorosa. Tomografia computadorizada evidenciou tumoração extensa em cólon ascendente, sem evidência de metástase linfonodal ou a distância. Colonoscopia identificou tumor vegetante, intransponível em cólon ascendente, cuja biopsia diagnosticou carcinoma pouco diferenciado. Submetida à colectomia direita, com ressecção parcial de musculatura de parede abdominal por invasão tumoral identificada no intraoperatório. O estudo histológico da peça cirúrgica evidenciou carcinoma adenoescamoso (25% componente glandular e 75% escamoso), pouco diferenciado, pT4bN0 (N0/24), margens longitudinais e radial livres. A imunohistoquímica expressou CK7 e BERP4 (marcadores sugestivos de adenocarcinoma) associados à expressão de p63 (marcador de diferenciação escamosa). Não foi submetida à adjuvância devido à idade avançada, estadio II, cirurgia R0, instabilidade de microssatélite e escassez de evidência de benefício na literatura. Segue em acompanhamento há 9 meses, sem evidência de recidiva ou metástases.

DISCUSSÃO

Pouco mais de 600 casos de carcinoma adenoescamoso colorretal foram descritos nos últimos 30 anos. No Brasil, nenhum caso foi publicado nos últimos 10 anos. A localização mais comum desse tumor é o cólon ascendente (21-56%), com média de idade de 64-67 anos. O carcinoma adenoescamoso tende a ser diagnosticado em estadios mais avançados, como é habitual do tumor de colon direito. Comumente, são pouco diferenciados (57,5-66%). A paciente descrita corrobora com os achados descritos na literatura, apresentando doença localmente avançada. O tratamento é a ressecção cirúrgica do tumor. Discute-se sobre a indicação de adjuvância com quimioterapia (5-fluoracil, carmustina ou metotrexate), pois não existem dados que suportem evidência de inequívoco benefício, devendo a indicação ser individualizada. A sobrevida média geral em cinco anos é significativamente menor do que a do adenocarcinoma, sendo o principal fator de mau prognóstico a presença de doença linfonodal. Concluindo, o carcinoma adenoescamoso colorretal é raro e tem prognóstico ruim. A cirurgia se impõe como principal terapêutica mas o número restrito e isolado de casos descritos, dificulta a decisão de tratamento adjuvante. Portanto, é fundamental a documentação e relato desses casos.

PALAVRAS CHAVE

Carcinoma Adenoescamoso / Neoplasias Colorretais

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

MARIANA SOUZA MARINHO, RAISSA OLIVEIRA MOLINA, LOUISIE GALANTINI LANA GODOY, FERNANDA BELOTTI FORMIGA, IVAN RONDELLI, LAURA CAROLINA LOPEZ CLARO, LUIS EDUARDO SILVA MÓZ, FANG CHIA BIN