Dados do Trabalho


TÍTULO

ANALISE EPIDEMIOLOGICA DAS DOENÇAS INFLAMATORIAS INTESTINAIS NO BRASIL DE 2017 A 2020

OBJETIVO

Analisar o perfil epidemiológico das doenças inflamatórias intestinais (DII) no Brasil. As DII são afecções idiopáticas crônicas do trato gastrointestinal, representadas principalmente pela doença de Crohn e a colite ulcerosa, doenças que não são raras e possuem uma clínica potencialmente grave. Nas três últimas décadas, a incidência das DII tende à estabilização em países ocidentais, entretanto, países recém-industrializados, especialmente da América do Sul, apresentam sua incidência crescente.

MÉTODO

Estudo epidemiológico, quantitativo e descritivo baseado em dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil de 2017 a 2020.

RESULTADOS

As internações por DII no Brasil aumentaram em 2017, 2018 e 2019, com, respectivamente, 4.489, 4.923, 5.079 casos, seguido de queda em 2020, 4.031 casos. Dados dos quatro anos revelam as marcas de internações: Norte - 675; Centro-Oeste - 1.400; Sul - 3.599; Nordeste - 4.163; Sudeste - 8.715, o que comprova a discrepante distribuição geográfica das internações por DII no país, assim como o caráter de atendimento, com 14.072 (76%) pacientes atendidos na urgência versus 4.450 (24%) eletivos. Entretanto, quanto ao sexo, não houve discrepância relevante, posto que 47% dos pacientes foram masculinos e 53% femininos. A faixa etária dos pacientes internados por DII é heterogênea, de zero a 19 anos atinge apenas 22% do total, 20 a 59 anos, 60% e a partir de 60 anos, 18%, sendo a faixa etária com maior número de internações a de 20 a 39 anos, 32%. A taxa de mortalidade por DII subiu de 2,23 em 2017 para 2,95 em 2020, sendo que, no último ano, a taxa mostrou-se 38% maior que 2019, associada a desigualdade entre as regiões: enquanto o Sul obteve a menor taxa de mortalidade (1,66), o Norte registrou a taxa mais alta (3,78), 228% acima do Sul. Como já era de se esperar, a taxa de mortalidade foi 327% maior entre pacientes de urgência comparado aos pacientes eletivos, ao passo que também é maior entre os pacientes acima de 80 anos (12,4), 470% maior que a taxa de mortalidade da população mais acometida (20 a 39 anos).

CONCLUSÕES

As DII seguiam em ascensão de 2017 a 2019, com queda em 2020, pelo possível aumento do subdiagnóstico devido a pandemia do novo coronavírus SARS-CoV-2. Os registros nacionais demonstram uma discrepância entre as regiões brasileiras, o que pode ser interpretado como consequência intrínseca das diferenças regionais ao acesso à saúde e à qualidade de assistência médica. Concomitante ao aumento da taxa de mortalidade por DII nos anos estudados, houve predomínio de pacientes atendidos em urgência, os quais possuem taxa de mortalidade expressivamente maior, comparados aos eletivos. Tais fatos comprovam a necessidade da atenção aos sintomas de diarréia, que pode conter muco e sangue, cólicas abdominais e perda de peso; e do diagnóstico precoce, iniciando o tratamento adequado e evitando a progressão das DII para complicações graves como o megacólon tóxico e o câncer colorretal.

PALAVRAS CHAVE

EPIDEMIOLOGIA; DOENÇA CROHN; COLITE ULCEROSA

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Minas Gerais - Brasil

Autores

JÚLIA CARMO VILELA, ANA CAROLINA CUNHA LEAL, GABRIEL GOMIDE MARQUEZ, LETICIA CINCERRE GODOY , GABRIELLY ALVES TRIGO