Dados do Trabalho


TÍTULO

AMPUTAÇAO ABDOMINO-PERINEAL NA RETITE ACTINICA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Retite actínica é uma inflamação da mucosa retal desenvolvida após radioterapia pélvica empregada no tratamento de doenças malignas, como tumores ginecológicos e de próstata. O quadro agudo ocorre nos três primeiros meses e é autolimitado. Apresenta-se com diarreia leve, urgência, tenesmo, cólicas abdominais e sangramento retal leve. O quadro crônico ocorre meses ou anos após a irradiação, com diarréia, tenesmo, dor e sangramento pequeno ou maciço, sendo necessário hemotransfusão em até 55% dos casos.
O tratamento pode ser clínico, cirúrgico ou endoscópico. A terapia clínica, como enemas, agentes orais, aplicações tópicas e oxigenoterapia hiperbárica, é a primeira opção de tratamento. Em casos refratários, deve ser considerada terapia endoscópica como eletrocauterização bipolar, terapia a laser, coagulação com plasma de argônio, ablação por radiofrequência, formalina e a crioablação. Complicações graves, como sangramento refratário, estenose com obstrução intestinal, fístula ou sepse podem exigir tratamento cirúrgico, como derivação intestinal e exenteração pélvica. Quando indicada, a cirurgia é uma solução eficaz. O caso relatado apresenta quadro em que o sangramento foi refratário a terapias clínicas, endoscópicas, endovascular sendo necessária amputação abdominoperineal, a qual foi resolutiva.

RELATO DE CASO

Homem, 60 anos, antecedente de insuficiência renal crônica submetido a transplante renal em 1993 e perda do enxerto por má adesão em 1995. Durante triagem para inclusão em lista de transplante renal em 2018 identificada elevação de PSA, investigado e diagnosticado adenocarcinoma de próstata em março de 2018, tratado com radioterapia. Em março de 2019 apresentou quadro de sangramento anal com repercussão na série vermelha, submetido a investigação como colonoscopia e diagnosticada retite actínica. Realizada cauterização com plasma de argônio, sem resolução, submetido então em maio de 2019 a duas tentativas de formalização de reto, sem sucesso, e então realizada sigmoidostomia no mesmo mês. Em junho ainda sem melhora, submetido a embolização da artéria retal superior. Em setembro de 2019, apresentou enterorragia de grande volume, optado por amputação abdominoperineal de reto com resolução do quadro. Paciente em acompanhamento no ambulatório, sem novas intercorrências.

DISCUSSÃO

O aumento do uso da radioterapia no último quarto de século levou a melhora significativa no desfecho de neoplasias de próstata e ginecológicas, porém, acarretou o aumento das complicações induzidas pela radiação, como a retite actínica. Aproximadamente 5% dos pacientes submetidos a radioterapia pélvica podem desenvolver sangramento retal intenso que requer intervenção imediata. Conforme identificado por Mallick e colaboradores em estudo publicado em 2015, a primeira linha de tratamento é clínica, as opções endoscópicas e cirúrgicas são reservadas para casos graves ou refratários, sendo que a abordagem cirúrgica é empregada em menos de 10% dos casos e apresenta-se como terapia eficaz.

PALAVRAS CHAVE

Retite Actínica; sangramento retal; amputação abdominoperineal

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP - São Paulo - Brasil

Autores

DANIELA FERREIRA, FERNANDA GONÇALVES MARCONDES, LAURA FERREIRA MARTINEZ, JOÃO GOMES NETINHO, GIOVANA DALMEDICO DE CASTRO, LUIZA ROSSI PETTINELLI, ISABELA PEREIRA ALMEIDA DE JESUS, GABRIEL BATISTA VARELA