Dados do Trabalho


TÍTULO

CARCINOMA ESPINOCELULAR (CEC) DE CICATRIZ CIRURGICA POS RADIOTERAPIA ADJUVANTE EM PACIENTE SUBMETIDO A CIRURGIA DE MILES - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A radioterapia tem um importante papel no tratamento do câncer de reto, causando alterações genéticas e metabólicas das células, acarretando na morte das mesmas durante o processo de divisão celular. No entanto, apesar de trazer muitos benefícios, a irradiação aumenta o risco de desenvolvimento de novas neoplasias secundárias. O uso de radioterapia pré operatória parece reduzir este risco, uma vez que as doses de irradiação e os efeitos colaterais são reduzidos nestes casos devido à maior oxigenação e vascularização dos tecidos. Este relato de caso tem como objetivo apresentar uma paciente que evoluiu com carcinoma espinocelular (CEC) em cicatriz cirúrgica de Miles, após 23 anos da radioterapia adjuvante por adenocarcinoma de reto.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 79 anos, submetida a amputação abdômino perineal de reto (cirurgia de Miles) por adenocarcinoma de reto em julho de 1996, com anatomopatológico de adenocarcinoma moderadamente diferenciado infiltrando até serosa e tecido adiposo adjacente. Foi indicada terapia adjuvante com 5040cGy de radioterapia e quimioterapia com Leucovorin e 5-Fluorouracil (5FU) até dezembro de 1996, mantendo acompanhamento ambulatorial. Em dezembro de 2018 queixou-se de saída de secreção em cicatriz de amputação de reto, apresentando ao exame sulco interglúteo nacarado, orifício fistuloso externo anterior, com saída de secreção purulenta. Realizou ressonância magnética que não evidenciou alterações significativas. Entretanto, manteve saída de secreção na cicatriz perineal e aumento progressivo do orifício, com secreção fétida, paredes laterais endurecidas, áreas de necrose e fibrina aderida com dor intensa local. Foi indicado exame proctológico sob narcose em centro cirúrgico, realizado em dezembro/2019. Feita biópsia da lesão, cujo histopatológico diagnosticou carcinoma epidermóide. No estadiamento, a tomografia de região perineal e sacrococcígea, mostrou lesão localmente avançada, infiltrativa, com comprometimento ósseo. Devido à idade da paciente, à complexidade da cirurgia radical e risco de recidiva pelo grau de infiltração, optou-se por tratamento paliativo com a realização de complemento de quimiorradioterapia de julho a agosto de 2020.

DISCUSSÃO

Neoplasias malignas induzidas por radioterapia são raras, porém podem surgir em qualquer paciente submetido a radiação pélvica. O estudo “Swedish Rectal Cancer Trial” apresentou resultado sugerindo que enquanto a radiação pélvica apresenta menor risco de recorrência tumoral, também apresenta maior risco de neoplasias malignas secundárias. Com o passar dos anos, o avanço das técnicas e os novos aparelhos, a radioterapia apresentou uma redução importante dos casos de complicações, porém ainda vemos consequências dos pacientes tratados com radioterapia adjuvante, como é o caso da paciente deste relato, que apresentou um carcinoma espinocelular de cicatriz cirúrgica de amputação abdominoperineal, mesmo após 23 anos do término da radiação.

PALAVRAS CHAVE

carcinoma espinocelular, radioterapia, irradiação, adjuvância

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Faculdade de Medicina do ABC - São Paulo - Brasil

Autores

AMANDA VITIELLO PEREIRA BROSCO, SANDRA DI FELICE BORATTO, FLAVIA BALSAMO, SERGIO HENRIQUE COUTO HORTA, DIOGO FONTES SANTOS, GUILHERME GARCIA HUDARI, JULIANA GIANGIARDI BATISTA, ALINE ZARA