Dados do Trabalho
TÍTULO
HA ESPAÇO PARA A NEOADJUVANICA NO MELANOMA ANORRETAL?
INTRODUÇÃO
O melanoma da mucosa anorretal é responsável por aproximadamente 0,05% de todas as doenças malignas colorretais e 1% de todos os cânceres do canal anal. O local de origem é o reto ou o canal anal em 42% e 33% dos casos, respectivamente, enquanto no restante o local primário pode não ser detectado (28). Além disso, costuma ser um achado ocasional na avaliação patológica de afecções orificiais benignas, como doença hemorroidária ou pólipo anal. Geralmente os pacientes apresentam sintomas como sangramento, dor anorretal, massa, ou alterações do hábito intestinal. A maioria dos casos surge da junção mucocutânea. Entretanto, eles também podem surgir da pele da borda anal, do epitélio de transição do canal anal ou da mucosa retal, e a identificação correta do local primário é fundamental para separar os melanomas cutâneos anal dos da mucosa anal.
RELATO DE CASO
Paciente de 65 anos, masculino, com diagnóstico de Melanoma nodular de canal anal, estadio III
(T2N1M0); S-100, Melan A e HMB-45 positivos.
Submetido a neoadjuvância com Ipilimumabe e Nivolumabe por apenas 3 ciclos. Suspenso devido a toxicidade
gastrintestinal grau 4, com hemorragia digestiva baixa e colite intensa; calprotectina fecal maior que 6.000, sendo tratado com pulsoterapia de corticoide e antibiótico. Exames de imagem evidenciaram resposta completa da doença.
Realizada amputação abdomino-perineal do reto com linfadenectomias por via laparoscópica. O anátomo patológico mostrou resposta patológica completa. Iniciou Nivolumabe de manutenção com boa tolerância.
DISCUSSÃO
É importante ressaltar que, independentemente do local do tumor primário, a excisão local ampla do melanoma da mucosa oferece a melhor chance de sobrevida livre de doença prolongada, quando tecnicamente viável, e o objetivo principal da cirurgia é realizar uma excisão com margem negativa (R0), poupando o esfíncter. Porém, a ressecção completa com margens negativas é um desafio devido à multifocalidade da doença, às restrições anatômicas e ao padrão de crescimento lentiginoso. O impacto da extensão da cirurgia a longo prazo foi revisto por inúmeras séries retrospectivas, que sugeriram melhor controle local com ressecção abdominoperineal, porém com uma alta taxa de morbidade e limitações funcionais. No entanto, não houve diferença de sobrevida global quando comparado a uma excisão local ampla mais conservadora. Porém, nos casos de melanoma mucoso anorretal não há um consenso sobre a aplicabilidade da neoadjuvância com imunoterapia, principalmente devido à raridade desta doença. Contudo, diante dos dados dos estudos apresentados sobre imunoterapia em melanoma cutâneo e mucoso, apesar de pior resposta quando aplicada nos tumores mucosos, ainda assim, o benefício da associação de ipilimumabe e nivolumabe se mostram promissores. Apesar de não estar bem estabelecida, a imunoterapia neoadjuvante demonstrou, neste caso, sucesso no tratamento do paciente em questão.
PALAVRAS CHAVE
MELANOMA ANORRETAL, IMUNOTERAPIA, CÂNCER ANAL.
Área
CÂNCER COLORRETAL
Instituições
Rede Mater Dei de Saúde - Minas Gerais - Brasil
Autores
MATHEUS MATTA MACHADO MAFRA DUQUE ESTRADA MEYER, ENALDO MELO LIMA, AMANDA GOMES DA SILVA OLIVEIRA, ANNA ELISA CAMPOS TEIXEIRA DE MELO, MARIA CAROLINA MOREIRA MARTINS DA COSTA, LUIZ FELPE DE SOUZA GUEDES, RENATA CAMPOLINA VELOSO, MILHEM JAMELEDIEN MORAIS KANSAON