Dados do Trabalho


TÍTULO

RETOCOLITE ULCERATIVA COMPLICADA COM NEOPLASIA DE RETO MEDIO E SINCRONICOS DE COLON

INTRODUÇÃO

A Retocolite Ulcerativa (RCU) é caracterizada por inflamação colônica contínua, a partir do reto. Sendo a inflamação um fator de risco conhecido para para carcinoma. A taxa de desenvolvimento do câncer colorretal é de 0,5 % a 1% por ano depois dos primeiros 10 anos de RCU. 2
A vigilância colonoscópica reduz a mortalidade relacionada ao carcinoma colorretal por permitir a detecção de carcinoma em um estágio mais precoce. (1)
No entanto, mesmo com a melhoria do tratamento, ainda surgem casos de neoplasia nessa população e deve-se atentar para essa problemática. Relatamos, a seguir, um caso de retocolite ulcerativa grave, maltratada, cursando com adenocarcinoma de reto e cólon.

RELATO DE CASO

R.P.B.B ,62 anos, masculino, diagnosticado com RCU (Montreal E3S2), em 2006. Colonoscopia inicial: pancolite, ileíte e pólipo colônico excisado. Biópsia: processo inflamatório com micro abscessos / pólipo inflamatório.
Iniciou tratamento com ciprofloxacina 1g/dia, mesalazina 4,8g/dia, azatioprina 200mg /dia. Houve melhora do quadro diarréico e do sangramento retal.
Colonoscopia de 2010 evidenciando proctite leve. Já em colonoscopia de 2012 úlcera retal é identificada, com biópsia revelando processo inflamatório crônico, ulcerado.
Reiniciado o tratamento clínico. Paciente não aceitou usar biológico, desaparecendo do consultório médico. Além de suspender por conta própria as medicações nas intercrises.
Em 2018, evolui com constipação e esforço evacuatório. Percebeu-se tumoração em reto ao toque retal, confirmada no exame endoscópico. Tumor estenosante em reto médio, não transponível ao aparelho, a 4 cm da borda anal. Anátomo patológico: focos de atipias citológicas fortemente suspeitos para adenocarcinoma.
Cirúrgica realizada: proctocolectomia total com linfadenectomia retroperitoneal + amputação do reto por videolaparoscopia e ileostomia terminal.
Anatomopatológico da peça cirúrgica: Adenocarcinoma invasivo em reto baixo, e dois tumores sincrônicos em transição de cólon ascendente e transverso. Havia metástase linfonodal em 41/571. (pT3pN2b).
Encaminhado para quimioterapia. Não houve seguimento cirúrgico nem oncológico adequados, por falta de comparecimento do paciente nos retornos previstos. A última vez que apareceu foi em novembro de 2019, trazia um CEA 1,38. Solicitado novos exames de estadiamento, sem resposta até o momento.

DISCUSSÃO

Tratamento clínico adequado ou cirúrgico, e vigilância endoscópica reduzem o risco de desenvolver CCR na RCU. (4)
Pacientes com RCU há mais de oito anos devem realizar colonoscopia de vigilância. As novas diretrizes recomendam a cromoendoscopia para vigilância primária,visto melhor rendimento diagnóstico em comparação com biopsias aleatórias. (3,7)
O controle da inflamação intestinal é o elemento mais importante para prevenção do CCR.

A opção pela cirurgia de Miles associada a colectomia total nesse caso em questão deveu-se muito pelo perfil de comportamento do paciente. E que foi ratificada, com a confirmação patológica de tumores sincrônicos.

PALAVRAS CHAVE

câncer colorretal, retocolite ulcerativa, vigilância endoscópica

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

Hospital Universitário - Universidade Federal de Sergioe - Sergipe - Brasil

Autores

AMANDA SOUSA DANTAS, LUIZ JÚNIOR FEITOSA, ANA CAROLINA RIBEIRO LISBOA, FÁBIO RAMOS TEIXEIRA, ALEX MOURA