Dados do Trabalho


TÍTULO

PACIENTE PORTADORA DE RETOCOLITE ULCERATIVA APRESENTANDO QUADRO DE OCLUSAO ARTERIAL AGUDA EM MEMBRO SUPERIOR

INTRODUÇÃO

A relação entre Doença Inflamatória Intestinal (DII) e alterações cardiovasculares é descrita desde a década de 1930. Desde então são investigadas as principais conseqüências e mecanismos fisiopatológicos para estabelecer o papel da DII e doenças vasculares.

RELATO DE CASO

Paciente feminino, 49 anos, com diagnóstico de Retocolite ulcerativa (Pancolite) desde dezembro 2017, em uso de Mesalazina 4g/dia via oral e Mesalazina 1g/dia via retal. Histórico prévio de hipertensão arterial sistêmica controlada e dislipidemia. Após dois anos de seguimento na origem foi encaminhada ao nosso serviço devido a RCU Pancolite em atividade clínica (diarréia, hematoquezia, dor abdominal) e endoscópica moderada ( Mayo 2). Iniciado otimização das medicações na tentativa de remissão da doença, porém durante esse tratamento em março de 2021 apresentou quadro de oclusão arterial aguda de artéria braquial e ulnar em membro superior esquerdo; paciente apresentando-se oligossintomática optado pela Cirurgia Vascular tratamento ambulatorial e anticoagulação com rivaroxabana.

DISCUSSÃO

A Doença inflamatória intestinal tem relação já definida com eventos cardiovasculares (venosos ou arteriais). A incidência de eventos tromboembólicos é três vezes maior na população portadora de DII quando comparada a população sem essa patologia, não apresentando diferença significativa entre Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa. O fator de risco para doenças tromboembólicas é mais evidente em paciente jovem e menos discrepante na população idosa, mesmo levando em consideração apenas eventos vasculares em pacientes não internados. A fisiopatologia envolvida no aumento dos eventos vasculares isquêmicos, embora não completamente estabelecida tem etiologia multifatorial, como: aumento sérico de fatores inflamatórios e/ou pro - trombóticos, inflamação crônica local nos vasos mesentéricos favorecendo aterosclerose e subseqüentemente rupturas dessas placas e eventos trombóticos, translocação da microbiota intestinal e outras endotoxinas. Em investigação de fatores pro - trombóticos crônicos; foi constatado um aumento nos níveis séricos de homocisteína e diminuição nos níveis de folato sérico; embora o fator V de Leiden seja o principal relacionado a eventos venosos na população em geral não apresentou correlação com portadores de DII. Entretanto, os fatores de coagulação que aumentam na resposta aguda, como o fator VII, fibrinogênio e fator de Von Willebrand se elevaram na DII e correlaciona-se com a atividade da doença; Apesar de estabelecida a relação de eventos cardiovasculares com a DII e esta patologia definida como fator de risco isolado para tais eventos, pacientes jovens, sem fatores de risco claros devem ser investigados para desordens secundárias de anticoagulação e estado de hipercoagubilidade; atribuir o evento cardiovascular a etiologia intestinal deve ser diagnóstico de exclusão mesmo em atividade da doença.

PALAVRAS CHAVE

DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL; RETOCOLITE ULCERATIVA; OCLUSÃO ARTERIAL AGUDA

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

Faculdade de Medicina de Botucatu - São Paulo - Brasil

Autores

ALEXIS COELHO AGUIARI, MARCELA MARIA SILVINO CRAVEIRO, NICOLAS PIVOTO, KAMILA DE BESSA PENTEADO, ROGERIO SAAD HOSSNE, LIGIA YUKIE SASSAKI, FRANCIELEN FURIERI RIGO, JULIO PINHEIRO BAIMA