Dados do Trabalho


TÍTULO

TRATAMENTO CIRURGICO DO CANCER RETAL - BAIXAS TAXAS DE AMPUTAÇAO ABDOMINOPERINEAL E BONS RESULTADOS ONCOLOGICOS

OBJETIVO

O tratamento do câncer de reto evoluiu consideravelmente nas últimas décadas. A padronização da excisão total do mesorreto (ETM) pelo professor Heald, a evolução do tratamento neoadjuvante e o desenvolvimento dos grampeadores tornaram possível a ressecção de tumores baixos e ultrabaixos, sem a necessidade de remoção dos esfíncteres e com segurança oncológica. Atualmente, margens distais de 1 cm são consideradas oncologicamente aceitáveis, desde que não se trate de tumores histologicamente desfavoráveis. A excisão abdominoperineal (EAP) é indicada para casos onde há invasão direta do esfíncter anal externo ou quando margem cirúrgica superior a 1 cm não pode ser alcançada. Este procedimento, apesar de aparentemente mais radical, tem sido associado a maiores taxas de recorrência local. Entretanto, em muitas unidades hospitalares de cirurgia colorretal o índice de EAP ainda é superior a 50%, embora dados da literatura sugiram que essa taxa deva ficar em torno de 15%. Muitos dos cânceres atualmente tratados por esta técnica, com base em conceitos mais antigos, poderiam ser tratados por ressecção anterior baixa (RAB), sem colostomia permanente e respeitando os princípios oncológicos. O objetivo deste estudo foi avaliar o resultado da cirurgia de câncer retal, com foco na taxa de recorrência local, em uma unidade que adota os princípios da ETM com alta taxa de procedimentos restauradores e baixa taxa de EAP.

MÉTODO

Foram incluídos pacientes com câncer retal extraperitoneal submetidos a RAB x EAP. Pacientes com tumores retais médios foram submetidos a ETM e pacientes com tumores do reto inferior e sem critérios para EAP foram submetidos a RAB. Aqueles em que o espaço interesfincteriano foi invadido, a margem distal livre era inferior a 1 cm ou margem radial livre de tumor eram inatingíveis, foram submetidos a EAP ou excisão abdominoperineal extralevadora (ELAPE). Avaliamos as taxas de recorrência local, sobrevida global e envolvimento da margem radial.

RESULTADOS

Sessenta (89,6%) pacientes foram submetidos a RAB e sete (10,4%) a EAP, dos quais cinco foram submetidos a ELAPE. A taxa de recorrência local foi de 4,4%, sendo 3,3% nos pacientes submetidos a RAB e de 14,3% nos submetidos a EAP. Não houve recorrência local ou à distância em nenhum paciente submetido a ELAPE. Nos pacientes submetidos a LAR, cinco (8,3%) evoluíram com metástases à distância. Não houve envolvimento das margens radiais nos espécimes analisados. A sobrevida após 12, 24, 60 e 120 meses foi semelhante entre os grupos (p = 0,239).

CONCLUSÕES

A neoplasia de reto baixo pode ser tratada cirurgicamente com baixa taxa de EAP e baixa recorrência local. A utilização de técnica cirúrgica adequada reduz, de forma segura, a necessidade de ostomia definitiva. Usando as indicações clássicas para EAP, pelo menos 32,9% dos nossos pacientes teriam sido submetidos a este tratamento. Entretanto, em 29 pacientes portadores de tumores de reto baixo foi possível a preservação esfincteriana em 79,4% deles, sem comprometimento oncológico.

PALAVRAS CHAVE

Câncer de reto; excisão abdominoperineal; ressecção anterior baixa; excisão total do mesorreto

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Felício Rocho - Minas Gerais - Brasil

Autores

THAIS ANDRESSA SILVA FAIER, FABIO LOPES DE QUEIROZ, ANTONIO LACERDA FILHO, PAULO ROCHA FRANCA NETO, JESSICA RODRIGUES GIRUNDI GUIMARÃES, JAIRO SEBASTIAN ASTUDILLO VALEJJO, HELIDA ALINE TOMACHESKI AMARAL, MARCOS FIGUEIREDO COSTA