Dados do Trabalho


TÍTULO

ASPERGILOSE PULMONAR INVASIVA EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN GRAVE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Os medicamentos biológicos revolucionaram o tratamento das doenças inflamatórias intestinais (DII). Entretanto, podem estar associados a infecções oportunistas como a tuberculose e as infecções fúngicas (IF). No caso das IF, a neutropenia é fator de risco importante nos pacientes em uso de terapia biológica. O objetivo do estudo é relatar um caso de Aspergilose pulmonar invasiva (API) em uma paciente com Doença de Crohn (DC) grave.

RELATO DE CASO

Paciente de 68 anos, masculino, ex-tabagista com diagnóstico de DC há 04 anos, classificação fenotípica de Montreal: A3L3B3 sem resposta aos tratamentos prévios (Adalimumabe e Ustequinumabe). Estava em uso recente de Infliximabe. Em virtude de bicitopenia mantida, foi optado por triagem completa em busca de doenças hematológicas. Durante essa investigação, realizou tomografia computadorizada do tórax (TC) que evidenciou massa irregular, espiculada, hipodensa, cavitada com 3,3 cm no maior diâmetro. Foram feitas as hipóteses de infecção oportunística (IF e Tuberculose pulmonar [TB]) ou neoplasia primária do pulmão. A lesão foi biopsiada e a análise histopatológica com estudo imunohistoquímico confirmou o diagnóstico de API. Optou-se pelo tratamento clínico com itraconazol e o paciente segue em controle radiológico, sem agravamento da doença pulmonar e intestinal.

DISCUSSÃO

O paciente em questão apresentava DC grave e neutropenia provavelmente associado ao Anti-TNF. Essa condição pode ter favorecido o desenvolvimento da complicação infecciosa, cujo diagnóstico diferencial com TB e neoplasia se impõe, pois estas apresentam maior relevância epidemiológica. Entretanto, apesar de menos frequente, a possibilidade de API deve ser afastada em neutropênicos. Dentre os exames disponíveis, a biópsia da lesão pulmonar é a que oferece maior benefício, uma vez que a identificação do agente etiológico ou de células neoplásicas na amostra, sela o diagnóstico. Como não existem medidas profiláticas consolidadas, deve-se ter um alto grau de suspeição para API, uma vez que o tratamento precoce pode evitar o agravamento da doença, especialmente naqueles que fazem uso de terapias imunossupressoras combinadas. O tratamento de primeira escolha para API é o Voriconazol, porém o Itraconazol é uma opção. Em relação ao tratamento da DII, deve-se evitar, sempre que possível, o uso de medicações imunossupressoras durante o tratamento das IF.

PALAVRAS CHAVE

Doença de Crohn; terapia biológica; eventos adversos; infecções oportunistas

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil

Autores

CAMILA LIMA ALVES, MARLEY RIBEIRO FEITOSA, LUCAS DE OLIVEIRA ALMEIDA, LETICIA CANGEMI ARAÚJO, VANESSA FORESTO FORESTO , OMAR FÉRES, OSÉ JOAQUIM RIBEIRO DA ROCHA, ROGÉRIO SERAFIM PARRA