Dados do Trabalho


TÍTULO

CORREÇAO DE FISTULA ANOVAGINAL RECORRENTE PELA TECNICA DE MARTIUS - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A fístula anovaginal é uma afecção rara que corresponde a menos de 5% das fístulas anorretais e de difícil manejo. Tem como principais causas o trauma obstétrico, doença inflamatória intestinal, traumas cirúrgicos, neoplasias e história de radiação pélvica.

RELATO DE CASO

Paciente, sexo feminino, 30 anos, G2P2nA0, previamente hígida, submetida a parto vaginal com fórceps com laceração vaginal e necessidade de episiorrafia em 16/03/2019. Nesse contexto, evoluiu, já na primeira evacuação pós-parto, com saída de fezes pela vagina. Além disso, apresentava também incontinência e urgência evacuatória (escore de Wexner: 18). Buscou atendimento em serviço de emergência de maternidade escola de referência na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, sendo encaminhada ao ambulatório de especialidades deste mesmo hospital, onde foi avaliada em conjunto pela ginecologia e coloproctologia, recebendo diagnóstico de rotura de esfincter anal e fístula anovaginal. Solicitados manometria anorretal (pressões de repouso e de contração diminuídas) e ultrassom endoanal tridimensional (lesão de músculo esfíncter anal externo - EAE anterior, entre 11 e 3 horas e trajeto fistuloso entre a vagina e o canal anal médio). Em 09/07/2019 foi submetida à esfincteroplastia anal (overlapping), entretanto, no pós-operatório, evidenciou-se persistência da perda de fezes pela vagina, relatando apenas uma melhora na urgência fecal. Novo ultrassom endoanal foi realizado no dia 18/03/2020, o qual mostrou persistência da fístula anovaginal, apesar do posicionamento dos cotos do músculo EAE estar íntegro pós-esfincteroplastia. Foi realizado avanço de retalho anal miomucoso no dia 18/08/2020, porém houve persistência das queixas anteriores, sendo optado por novo avanço de retalho miomucoso anal com síntese dos orifícios vaginal e anal, porém novamente sem sucesso. Realizada, então, no dia 27/10/2020, correção da fístula anovaginal pela técnica de Martius, com acesso transvaginal e síntese do orifício anal. Após realização do procedimento, paciente relatou melhora clínica importante, sem queixas sugestivas de recorrência da fístula anovaginal.

DISCUSSÃO

O caso relatado está de acordo com as taxas de sucesso da técnica de Martius para correção de fístula anovaginal persistente, as quais estão entre 60 e 100%. Além disso, foi decorrente de parto vaginal, a causa mais comum para desenvolvimento de tal fístula, responsável por cerca de 60 a 80% dos casos (KAVALIAUSKAS, 2020). Essa técnica possui baixos índices de morbimortalidade pós-operatória, com melhora significativa das queixas, representada por caso similar onde não houve recorrência da fístula e manutenção da continência anal após um ano da cirurgia de correção (SANCHO-MURIEL, 2020). É esperado que tais resultados promovam uma melhora da qualidade de vida da paciente, em relação a sua saúde física, mental e sexual, devendo, pois, a técnica de Martius ser considerada o tratamento prioritário para fístula anovaginal baixa recorrente (TROMPETTO, 2019).

PALAVRAS CHAVE

Fístula anovaginal, incontinência feca e técnica de Martius

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

LARA BURLAMAQUI VERAS, LUIZ MARCIO DE ALMEIDA ARARUNA FILHO, EMANUELA SANTOS CORREIA, LÍVIA BORGES OLINDA BATISTA, MARLLA CAROLINE RIBEIRO ARAÚJO, SOFIA SANTIAGO MARINHO, LUIZ MATHEUS FERREIRA BRITO, LUIZA KAROLAYNE ROCHA RODRIGUES