Dados do Trabalho


TÍTULO

DOENÇA DIVERTICULAR DOS COLONS COMPLICADA COM PERITONITE FECAL CRONICA LOCALIZADA E FISTULA COLOVAGINAL

INTRODUÇÃO

A doença diverticular dos cólons é uma enfermidade comum, com incidência de 30-60% dos pacientes com mais de 60 anos de idade. A diverticulite aguda pode ser complicada ou não complicada, com base na presença de abscessos intra-cavitários, perfuração ou formação de fístulas. A literatura mostra uma incidência de fístula diverticular em 4–23% dos pacientes com diverticulite, sendo as colovaginais ocorrência rara. Neste trabalho é relatado um caso de doença diverticular dos cólons complicada com peritonite fecal crônica localizada e fístula colovaginal.

RELATO DE CASO

M.J.C., 80 anos, com doença diverticular dos cólons diagnosticada em 2007 e passado de histerectomia. Em junho de 2020 evoluiu com dor em fossa ilíaca esquerda, tratada clinicamente. Em outubro de 2020 retornou ao serviço com queixa de saída de fezes por via vaginal. Tomografia (TC) de abdome com contraste evidenciou divertículos colônicos sem sinais inflamatórios, divertículo em sigmoide medindo 8cm no eixo longitudinal, mantendo contato com o fundo da vagina e teto da bexiga, sem evidência de trajeto fistuloso. No pré-operatório, paciente em bom estado geral, com massa palpável e dolorosa em fossa ilíaca esquerda e hipogástrio, toque vaginal com fezes em dedo de luva. No dia 03/02/2021 foi submetida cirurgia, com achado de perfuração em sigmoide bloqueada com coleção fecal organizada, de paredes espessadas, aderida a bexiga e pelve. Após dissecção difícil, procedeu-se a retossigmoidectomia à Hartamnn. Não houve extravasamento do azul de metileno via vesical. Anatomopatológico: diverticulose colônica com diverticulite crônica e peritonite em organização. Idosa evoluiu com sepse pós operatória, que foi revertida com suporte intensivo e antibioticoterapia. No 7°DPO, fez uma fibrilação atrial que necessitou de anticoagulação plena. Houve então sangramento digestivo e por sucessivas complicações clínicas, veio a óbito no 16°DPO.

DISCUSSÃO

Em virtude de fatores combinados - população crescente de idosos, alta incidência de divertículos em grupos de idade avançada e de histerectomias - as fístulas colovaginais secundárias à doença diverticular podem ser encontradas com mais frequência. Difícil é reconhecer os fatores de mau prognóstico na doença crônica e indicar a cirurgia eletivamente. Ao se suspeitar clínicamente de fistulização, indica-se a TC com triplo contraste. No caso relatado, não se indentificou o trajeto fistuloso pela radiologia. Chamava atenção a “coleção” de fezes justa sigmoide. O bloqueio era tão intenso que o choque séptico surgiu no pós operatório, após a manipulação cirúrgica. Em pacientes com um processo inflamatório regional intenso, o procedimento de Hartmann torna-se o de eleição, por ser mais rápido e não aumentar a morbi-mortalidade da cirurgia. Mesmo assim, a cirurgia desencadeia uma resposta metabólica tamanha, que pode ter um desfecho ruim, como o nosso. O questionamento que fica é quando indicar cirurgia eletiva em idosos maiores de 70 anos com quadro estável de doença diverticular.

PALAVRAS CHAVE

DOENÇA DIVERTICULAR DOS COLONS; FÍSTULA COLOVAGINAL

Área

DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS

Instituições

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVESIDADE FEDERAL DE SERGIPE - Sergipe - Brasil

Autores

ALBERTO OLIVEIRA DA COSTA MOTA, ROBERTA KAYANE SILVA LEAL, LUIZ JUNIOR FEITOSA MENEZES, ANA CAROLINA RIBEIRO LISBOA, FABIO RAMOS TEIXEIRA