Dados do Trabalho

TÍTULO

PIODERMA GANGRENOSO EM PACIENTE COM RETOCOLITE ULCERATIVA: DESAFIO PARA O GASTROENTEROLOGISTA

INTRODUÇÃO

Pacientes com doença inflamatória intestinal (DII) podem desenvolver manifestações extra intestinais (MEI) durante o curso da doença. Algumas manifestações podem estar associadas à atividade da doença e outras não. Uma das MEI que impacta negativamente a qualidade de vida dos pacientes com DII é o Pioderma Gangrenoso (PG). O objetivo deste trabalho é descrever o caso de uma paciente com retocolite ulcerativa (RCU) em atividade e PG, e relatar os fatores que podem estar associados à piora desta manifestação.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 42 anos, com diagnóstico de RCU feito durante a gestação, aos 36 anos de idade. Fez uso de derivados do 5-ASA oral (mesalazina), corticoides e azatioprina, porém mantinha doença mal controlada e com má aderência ao tratamento.
Após 5 anos de doença, após picada de inseto no membro inferior esquerdo, paciente se apresentou no atendimento de urgência com lesão extensa no membro associado a dor local e secreção. Foi tratada clinicamente sem sucesso, havendo necessidade de desbridamento cirúrgico com ressecção da lesão e retalho cutâneo.
Durante a internação, a paciente apresentou diarreia com muco e sangue, cólicas abdominais e a nossa equipe foi chamada para avaliação. Na investigação foram realizados exames laboratoriais, calprotectina e colonoscopia, constatando RCU em atividade severa (Mayo 3). O anátomo patológico da peça (lesão de pele) confirmou o infiltrado neutrofílico clássico de PG.
Foi proposto tratamento com terapia anti-TNF [infliximabe (IFX)], em monoterapia (por opção da paciente). A paciente apresentou melhora completa dos sintomas após a indução, com nível sérico de IFX adequado durante a indução, sem sinais de recidiva do PG.

DISCUSSÃO

O caso ilustra um caso de PG associado à atividade da doença de base. O PG é pouco frequente, de diagnóstico difícil em especial para os não especialistas. Com frequência é precedido por trauma local e costuma estar associado à atividade da DII. Seu manejo envolve a abordagem multidisciplinar, diagnóstico precoce e pronta instituição do tratamento.
Seu diagnóstico é feito pelo alto índice de suspeita e por biópsias da lesão. Não possui ainda uma terapia padrão-ouro, porém, pensando em uma melhora rápida da lesão, o mais usado é a imunossupressão. Corticóides sistêmicos em altas doses, a ciclosporina e os biológicos também são opções de tratamento.
No caso relatado, mostramos o quanto o PG ainda apresenta dificuldades em seu diagnóstico. A paciente citada já preenchia critérios para PG, porém não houve diagnóstico precoce e a mesma foi tratada com antibióticos e desbridamento. Felizmente, apesar do atraso diagnóstico, a paciente teve evolução satisfatória.

PALAVRAS CHAVE

Retocolite ulcerativa; doenças inflamatórias intestinais; pioderma gangrenoso; terapia biológica