Dados do Trabalho


TÍTULO

FISSURA ANAL: QUEM SAO OS PACIENTES QUE OPERAMOS? PERFIL DOS PACIENTES SUBMETIDOS A TRATAMENTO CIRURGICO PARA FISSURA ANAL NO HCFMUSP.

OBJETIVO

Identificar o perfil demográfico, as doenças associadas e outros fatores, como hábito intestinal e incontinência, nos pacientes operados por fissura anal no HCFMUSP.

MÉTODO

Estudo retrospectivo descritivo baseado na revisão de prontuários e bases de dados físicos e digitais do ambulatório de doenças anorretais do HCFMUSP.
Critérios de inclusão: todos os pacientes com diagnóstico de fissura anal operados de outubro de 2015 a fevereiro de 2021, no Serviço de Cirurgia do Cólon e Reto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo-SP.
Critérios de exclusão: pacientes operados com diagnóstico de fissura anal secundária a afecções infecciosas, neoplásicas, doença de Crohn ou trauma de repetição.

RESULTADOS

Entre os 42 pacientes incluídos no estudo, a idade média de 45 anos (mínima de 28 e máxima de 69 anos), com 28 mulheres (67%) e 14 homens (33%). Poucos pacientes eram previamente hígidos (19%). A maioria apresentava alguma comorbidade, sendo as mais prevalentes: hipertensão arterial, diabetes mellitus, hipotiroidismo e tabagismo. Houve expressiva taxa de sobrepeso (40%) e obesidade (38%), alcançando índice de massa corporal (IMC em Kg/m2) máximo de 46, com média de 29. Apenas 21% dos pacientes tinham IMC abaixo de 25. Vinte e seis pacientes apresentavam constipação (62%) e apenas dois (5%) diarreia. Três dos 42 pacientes (7%) já tinham cirurgia prévia para fissura anal noutros serviços, tendo sido consideradas recidivadas. Outros oito (19%) relatavam outras cirurgias anais, sendo a mais comum a hemorroidectomia, em cinco pacientes (12%), a drenagem de abscessos anais, em dois (5%) e a anopexia mecânica em um (2%). A incontinência fecal no pré-operatório é um sinal de alarme ao cirurgião, que deve investigar seu paciente para definir com segurança a melhor proposta cirúrgica. Neste contexto, a manometria foi um recurso importante na avaliação pré-operatória dos 6 pacientes que apresentavam incontinência esfincteriana em algum grau (14%). A gravidade da incontinência variou de leve (1/20 pontos) a grave (18/20 pontos) na escala de Jorge/Wexner, prevalecendo pacientes com sintomas leves. Nesse subgrupo de 6 pacientes, quatro não apresentavam hipotonia ou diminuição da contração voluntária à manometria, sendo a incontinência posteriormente relacionada a alterações decorrentes da própria doença anorretal. Os dois pacientes que apresentaram hipotonia esfincteriana à manometria foram submetidos a outras técnicas de correção da fissura anal sem esfincterotomia e não apresentaram piora da continência no pós-operatório.

CONCLUSÕES

Apesar de associação não significar necessariamente causalidade, encontramos em nossa casuística de pacientes operados uma predominância do sexo feminino, em indivíduos com IMC de 25 ou mais, com idade média de 45 anos e constipados. Havia história de cirurgia prévia em 21% dos casos. A incontinência anal foi encontrada em 6 casos (14%), o que demandou estudo fisiológico pré-operatório.

PALAVRAS CHAVE

Fissura anal, fatores de risco, incontinência anal.

Área

DOENÇAS ORIFICIAIS

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

JOSÉ AMÉRICO BACCHI HORA, CAROLINA REIS BONIZZIO, CARLOS WALTER SOBRADO JR, SÉRGIO CARLOS NAHAS