Dados do Trabalho
TÍTULO
TROMBOSE HEMORROIDARIA INTERNA COMO MANIFESTAÇAO INICIAL DA COVID-19
INTRODUÇÃO
Os fenômenos tromboembólicos associados ao coronavírus 2019 (COVID-19) representam um fator agravante no desfecho clínico da doença aumentado, significativamente, os índices de mortalidade. Pacientes com COVID-19 apresentam um estado hipercoagulação onde ocorre aumento acentuado do dímero D e fibrinogênio. O estado hipercoagulação que se instala leva a um maior risco de tromboses arteriais e venosas que parecem ser maiores nos quadros graves da COVID-19.. Objetivo: descrever o caso de um doente admitido por trombose hemorroidária interna grave com COVID-19 confirmada pelo exame de RT-PCR.
RELATO DE CASO
Homem, 70 anos, procurou o pronto socorro com quadro de dor intensa na região perianal acompanhada de tumefação local e sangue vivo às evacuações a um dia. O doente sabia ser portador de doença hemorroidária há 20 anos, sem nunca ter apresentado quaisquer complicações relacionadas à doença. Fazia uso de ácido acetil salicílico em virtude de ataque isquemico transitório no passado. Relatava antecedentes de hipertensão arterial e diabetes mellitus, além de tabagismo há mais de 20 anos. Ao exame clínico apresentava-se em REG, descorado +/++++, PA 160x90, afebril. O exame do tórax e abdômen era normal. Na inspecção perianal já se observava trombose hemorroidária interna, de grandes proporções, que comprometia os três mamilos principais. Um dos mamilos trombosados apresentava enegrecido e com sinais de necrose superficial e sangramento discreto. Em virtude da extensão da trombose hemorroidária e do intenso quadro doloroso optou-se por internação hospitalar para tratamento clínico. No terceiro dia após admissão hospitalar, o doente apresentou quadro de dispneia súbita com desconforto respiratório, hipoxemia e taquicardia. Com suspeita de tromboembolismo pulmonar foi transferido para Unidade de Terapia Intensiva onde necessitou intubação orotraqueal. A radiografia tórax mostrou intenso infiltrado intersticial, comprometendo ambos os campos pulmonares. Na UTI, evoluiu com insuficiência respiratória grave, choque e necessidade de introdução de droga vasoativa. Em virtude da instabilidade clínica não foi possível realizar a Tomografia Computadorizada de Tórax. Todavia, o grave infiltrado encontrado na radiografia de tórax levantou suspeita de infecção pelo COVID-19 sendo colhido teste de RT-PCR que mostrou-se positivo. Foi iniciada anticoagulação plena e antibioticoterapia de largo espectro. Todavia, apesar das medidas de suporte avançado evoluiu com piora clínica, apresentando insuficiência renal aguda e choque séptico refratário. O paciente foi à óbito quatro dias após quadro respiratório inicial. Diante da pandemia de COVID-19 e pelo estado de hipercoagulabilidade que a virose promove a trombose hemorroidária pode ser uma complicação relacionada a doença.
DISCUSSÃO
O desenvolvimento de trombose hemorroidária interna como manifestação clínica inicial da COVID-19 ainda não foi descrito na literatura, sendo importante alertar a comunidade científica sobre a possibilidade do quadro.
PALAVRAS CHAVE
Hemorroidas; Trombose ; Infecções por Coronavirus
Área
DOENÇAS ORIFICIAIS
Instituições
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP - São Paulo - Brasil
Autores
CARLOS AUGUSTO REAL MARTINEZ, AMANDA PEREIRA LIMA, MICHEL GARDERE CAMARGO, RAQUEL FRANCO LEAL, MARIA DE LOURDES SETSUKO AYRIZONO, CLAUDIO SADDY RODRIGUES COY