Dados do Trabalho
TÍTULO
COLITE HEMORRAGICA POR CITOMEGALOVIRUS EM PACIENTE COM RETOCOLITE ULCERATIVA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A associação entre a infecção pelo citomegalovírus (CMV) e a retocolite ulcerativa (RCU) é importante, uma vez que a inflamação crônica e o uso de agentes imunossupressores podem ativar a replicação viral, com repercussões clínicas potencialmente graves. O objetivo do presente estudo é descrever o caso clínico de uma paciente com RCU complicada por infecção pelo CMV, que evoluiu para colite aguda hemorrágica e discutir seus aspectos terapêuticos.
RELATO DE CASO
Paciente de 70 anos, feminina, há uma semana com quadro de dor abdominal difusa, de forte intensidade, associada à diarreia com sangue (>10 episódios ao dia). Previamente hígida, entretanto com história de alteração do hábito intestinal, episódios de diarréia mucossanguinolenta e perda de 2 kg, iniciada quatro meses antes da internação atual. Trazia ainda uma colonoscopia externa incompleta, com colite esquerda grave. O estudo anatomopatológico demonstrava sinais de colite e proctite acentuados, porém inespecíficos. Ao exame físico chamava atenção pelo estado geral regular e palidez cutâneo mucosa. PA: 100x50mmhg e FC: 100 bpm. Durante a investigação evoluiu com sangramento digestivo volumoso e sinais de irritação peritoneal no flanco esquerdo, associado a plastrão inflamatório palpável. Optou-se pela intervenção cirúrgica de urgência. Na cirurgia, observou-se inflamação intensa do cólon esquerdo e reto alto. Realizado colectomia esquerda ampliada com sepultamento do coto retal e transversostomia terminal devido instabilidade hemodinâmica. O anatomopatológico demonstrou achados compatíveis com RCU associada à infecção pelo CMV, detectada por imunohistoquímica. Após 21 dias de tratamento com ganciclovir, recebeu alta hospitalar com prescrição de mesalazina oral. Durante o seguimento, evoluiu com colite intensa no cólon remanescente, sem sinais de infecção ativa por CMV, e refratária ao tratamento convencional. Como a paciente recusou terapia imunossupressora, foi indicado colectomia complementar e aguarda internação para realização do procedimento.
DISCUSSÃO
Em pacientes com RCU, estima-se que a prevalência da infecção ativa por CMV varia de 4,5 a 16%, a depender de como se define a doença. Apesar de não haver critérios clínicos e patológicos patognomônicos, a colite por CMV deve ser suspeitada em pacientes com manifestações sistêmicas exuberantes associadas aos achados endoscópicos mais comuns: úlceras profundas (em “saca bocado”), com bordos elevados, friáveis e irregulares. O tratamento precoce da infecção por CMV em pacientes com RCU é essencial, uma vez que sua presença está associada à maior inflamação do cólon e a maiores taxas de colectomia por complicações, como megacólon tóxico e colite fulminante. O ganciclovir é o antiviral de escolha, por sua baixa absorção oral. Apesar da eficácia do tratamento clínico, em situações de urgência, com paciente instável e sem diagnóstico etiológico da colite, a colectomia segmentar pode ser útil, como no caso apresentado.
PALAVRAS CHAVE
Doença inflamatória intestinal / infecções oportunistas / Retocolite Ulcerativa / Citomegalovírus
Área
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO
Instituições
HOSPITAL DAS CLINICAS DE RIBEIRAO PRETO - São Paulo - Brasil
Autores
LEONARDO ISA BOTURA, MARLEY RIBEIRO FEITOSA, ROGERIO SERAFIM PARRA, GABRIELA FERNANDES OLIVEIRA, MARIANGELA OTTOBONI BRUNALDI, VANESSA FORESTO MACHADO, OMAR FERES, JOSE JOAQUIM RIBEIRO ROCHA