Dados do Trabalho
TÍTULO
NEOPLASIA COLORRETAL E DOENÇA INFLAMATORIA INTESTINAL EM USO DE VEDOLIZUMABE: PAPEL DA REMISSAO HISTOLOGICA
INTRODUÇÃO
pacientes com retocolite ulcerativa (RCU) possuem uma probabilidade 60% maior de morrer por câncer cólon (CC) quando comparados à população geral. O risco de desenvolver CC está diretamente à intensidade e extensão da inflamação, bem como ao tempo de doença. A cicatrização da mucosa doente associa-se a menores índices de complicações crônicas e é o principal alvo terapêutico da RCU. O objetivo do presente estudo é relatar um caso de atípico de RCU complicado por CC, apesar do adequado controle endoscópico da doença.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, de 35 anos, com diagnóstico de RCU (proctite ulcerativa) há 05 anos. Em terapia biológica com vedolizumabe (VDZ). Após 01 ano do início da terapia biológica, a paciente alcançou a remissão profunda (clínica e endoscópica). Dois anos após o início do VDZ passou a apresentar sangue nas fezes e iniciou prednisona (20mg/dia) e mesalazina (supositórios de 1g, 1x ao dia), por conta própria. Nova colonoscopia demonstrou proctite ativa moderada (escore de MAYO 2) e uma lesão séssil, de 2,5cm, espraiada, localizada no cólon descendente, junto ao ângulo esplênico. A biópsia do reto mostrou inflamação moderada, sem sinais de infecção e a biópsia da lesão colônica evidenciou adenocarcinoma tubular moderadamente diferenciado. Foi submetida a uma colectomia segmentar videolaparoscópica e o anatomopatológico (AP) revelou adenocarcinoma (estadio T3N0M0) e presença de inflamação ativa da RCU junto ao tumor. Após 1 mês de cirurgia, optou-se por reiniciar o VDZ, na dose otimizada e a paciente, mantém-se oligossintomática, sem uso de corticoide, aguardando exame endoscópico controle.
DISCUSSÃO
o papel da inflamação no risco de desenvolvimento de CCR e displasia na RCU está bem documentado na literatura. Pacientes com doença ativa apresentam maior risco de CCR. Desta forma, um dos objetivos do tratamento da RCU é o de alcançar a cicatrização completa da mucosa. Já o papel da remissão histológica não é consensual. Ainda são necessárias diretrizes para caracterização do papel da cicatrização histológica, além de aspectos técnicos, tais como quando e como coletar as biópsias, bem como que escores que utilizar. No caso apresentado, observamos uma paciente jovem, com 5 anos de RCU e atividade de doença endoscópica limitada ao reto, e que apresentou CC em uma área sem atividade endoscópica. A análise do AP, mostrou áreas de inflamação histológica que reforçam a ideia de que a atividade inflamatória microscópica pode favorecer o desenvolvimento de displasia e câncer. A proctocolectomia é o tratamento padrão, entretanto, a paciente optou por colectomia segmentar em virtude do menor porte cirúrgico e do desejo de engravidar. Nesses casos, a vigilância do tecido colorretal remanescente através da colonoscopia de alta definição com cromoscopia e biópsias de áreas suspeitas é a conduta padrão no nosso serviço a fim de se detectar novos processos displásicos.
PALAVRAS CHAVE
RETOCOLITE ULCERATIVA, CÂNCER COLORRETAL, VEDOLIZUMABE
Área
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO
Instituições
Hospital das clínicas de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil
Autores
LUCAS DE OLIVEIRA ALMEIDA, CAMILA LIMA ALVES, JOSÉ JOAQUIM RIBEIRO ROCHA, OMAR FERES, ROGERIO SERAFIM PARRA, MARLEY RIBEIRO FEITOSA, VANESSA FORESTO MACHADO LEAL, ALANA PADILHA FONTANELLA