Dados do Trabalho
TÍTULO
INTUSSUSCEPÇAO ILEOCOLICA POR ADENOCARCINOMA PRIMARIO DO ILEO TERMINAL
INTRODUÇÃO
O adenocarcinoma primário do intestino delgado é raro, representando menos de 5% de todos as neoplasias malignas do trato digestivo, surgindo 10 a 13% das vezes no íleo. São tumores de difícil diagnóstico e, frequentemente, manifestam-se como abdômen agudo obstrutivo. A intussuscepção íleo-cólica ocasionada por adenocarcinoma primário do íleo terminal é uma possibilidade raramente descrita.
RELATO DE CASO
Mulher, 66 anos, queixava-se de dor abdominal em cólica recorrente há dois meses, associada a diarreia e perda ponderal. Não apresentava comorbidades e havia abandonado o tabagismo. Feita colonoscopia que identificou lesão submucosa em ceco com extensa área de ulceração de onde foi colhido material para estudo histopatológico. Esse exame identificou presença de um adenocarcinoma bem diferenciado. No estadiamento da lesão a tomografia de tórax era normal, enquanto a série abdominal evidenciava intussuscepção íleo-cólica a cerca de 7cm da papila íleo cecal, sem sinais evidentes de obstrução ou linfonodomegalias. CEA e CA19-9 eram normais. Foi indicada a colectomia direita oncológica com anastomose primaria. O exame anátomo-patológico confirmou a presença de adenocarcinoma moderadamente diferenciado, primário de íleo que infiltrava a até a subserosa, sem invasão angiolinfática ou perineural, com presença de “budding” tumoral. De 21 linfonodos, dois mostravam-se comprometidos e as margens de ressecção livres. Estadiada como IIIb (pT3 pN1b cM0) e indicada quimioterapia adjuvante.
DISCUSSÃO
Muitas condições predispõe ao aparecimento da neoplasia do delgado como síndrome de Peutz-Jeghers, doença celíaca, doença de Crohn, síndrome de Lynch. A paciente do relato não possui esses fatores de risco, o que torna o caso descrito ainda mais raro. A idade média de aparecimento é aos 60 anos e o diagnóstico com frequência é dado em um estágio avançado, com obstrução intestinal, cólica ou sangramento oculto. No estadiamento utiliza-se o sistema TNM, além do tipo histológico, o número de linfonodos, status das margens, invasão linfovascular, invasão neural e pesquisa da proficiência das proteínas de reparo do DNA no tumor microssatélite . A ressecção cirúrgica com margens livres e linfadenectomia locorregional impactam na sobrevida. Nos doentes no estádio IV, a quimioterapia neoadjuvante, pode ser realizada com objetivo de tornar uma lesão ressecável. O sexo masculino, idade avançada, performance status prejudicado, etnia negra, paciente sintomático ao diagnóstico, albumina sérica baixa, elevação de CEA e CA19-9, margens comprometidas e pobre diferenciação tumoral são variáveis de pior prognóstico. A taxa de sobrevida em 5 anos na doença localizada chega até a 85%, enquanto no estádio IV 42%. Esses tumores muitas vezes podem ser diagnosticados durante colonoscopia, porém é importante a avaliação além da válvula ileocecal. Novas técnicas de imagem, como a cápsula endoscópica e enteroscopia com duplo balão, podem vir a aumentar a detecção da doença em fases iniciais, melhorando o prognóstico.
PALAVRAS CHAVE
adenocarcinoma de intestino delgado, neoplasia intestinal, obstrução intestinal
Área
CÂNCER COLORRETAL
Instituições
HUSF- Hospital Universitário São Francisco de Assis - São Paulo - Brasil
Autores
NINA PIMENTA HENRIQUE, ROBERTA LAÍS DOS SANTOS MENDONÇA, DANILO TOSHIO KANO, RONALDO NONOSE, JULIANA MARIA BESTETTI, TALITA DE LIMA PEREIRA DA CRUZ, KAROL SOTELLO CORTÊS, CARLOS AUGUSTO REAL MARTINEZ