Dados do Trabalho


TÍTULO

LINFOCELE COMO COMPLICAÇAO DE LINFADENECTOMIA LATERAL ROBOTICA: RELATO DE CASO E REVISAO DE LITERATURA

INTRODUÇÃO

A linfocele pélvica é um acúmulo de linfa em um espaço extraperitoneal sem revestimento epitelial. Ela pode se apresentar de forma assintomática e sintomática, sendo que esta possui o volume consideravelmente maior, a dor localizada nos quadrantes inferiores do abdomen e uma ocorrência de 16%.

Baseados em estudos ginecológicos e urológicos, especialidades em que a linfocele é mais frequente, os maiores riscos para o desenvolvimento da complicação se relacionam ao elevado número de linfonodos ressecados, ao uso de radioterapia pós-operatória, à presença de diabetes mellitus, à idade maior que 65 anos e ao tratamento profilático com heparina de baixo peso molecular. Os fatores protetivos são o selamento e a ligadura de vasos linfáticos, além do retalho peritoneal.

Diante das implicações clínicas e da pequena quantidade de relatos de linfocele após linfadenectomia lateral pélvica para câncer de reto, torna-se importante a compreensão do cenário de seu aparecimento a partir deste caso.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 78 anos, com neoplasia de reto médio, a 4cm da margem anal. Os exames de estadiamento pré-operatório mostraram tratar-se de neoplasia T3N0, sem comprometimento da fáscia mesorretal, porém com linfonodos laterais suspeitos para acometimento, na cadeia ilíaca interna à direita, de 7mm. Após discussão em reunião multidisciplinar, foi optado por cirurgia upfront com linfadenectomia lateral por via robótica.

O paciente evoluiu bem, tendo alta no 3º dia pós-operatório sem intercorrências. Após 2 semanas, em retorno ambulatorial, o paciente apresentava saída de secreção de aspecto leitoso pelo dreno de Blake posicionado na pelve, com volume diário em torno de 100mL. Realizada tomografia computadorizada de abdomen e de pelve sem evidência de coleção. Foi planejado tratamento com injeção de polidocanol após 1 semana, porém o paciente evoluiu neste período com melhora espontânea e diminuição do débito do dreno, sendo possível apenas o tratamento observacional e retirada do dreno.

DISCUSSÃO

A linfocele é uma complicação descrita de 10 a 50% dos pacientes com câncer urológico ou ginecológico submetidos a linfadenectomia pélvica ou retroperitoneal, porém há poucos relatos de linfocele após linfadenectomia lateral pélvica para câncer de reto ou estudos considerando fatores de risco para tal complicação, por isso, o presente caso se destaca.

Em uma revisão retrospectiva de casos de linfocele após linfadenectomia lateral para câncer de reto, o número de linfonodos ressecados foi fator de risco, porém o fato de ter sido realizada dissecção bilateral não influenciou a ocorrência da mesma. Este achado referente ao número de linfonodos é também reconhecido em estudos ginecológicos e urológicos. O uso de instrumento bipolar vessel-sealer pode ser fator protetor desta complicação.

PALAVRAS CHAVE

Linfocele ; Linfadenectomia lateral robótica

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

LUANA PERRONE CAMILO, MARLENY NOVAES FIGUEIREDO, VICTOR EDMOND SEID, LUCAS SOARES GERBASI, RAFAEL VAZ PANDINI, FRANCISCO TUSTUMI, MARILIA MARCELINO, SÉRGIO EDUARDO ALONSO ARAÚJO