Dados do Trabalho


TÍTILO

AMPUTAÇAO INTERESFINCTERIANA DE RETO VIDEOLAPAROSCOPICA EM PACIENTE COM HIPERTENSAO PORTAL E CANCER DE RETO DISTAL

INTRODUÇÃO

A excisão total do mesorreto por via laparoscópica é uma cirurgia desafiadora pois envolve dissecção do plano embriológico entre as fáscias mesorretal e endopélvica dentro do arcabouço ósseo da pelve. Existem fatores que conhecidamente associam-se com aumento da dificuldade técnica como obesidade, sexo masculino, tumores volumosos, pelve estreita e extensão de fibrose pós-tratamento neoadjuvante. Há pouca informação na literatura médica frente ao impacto que a presença de hipertensão portal possa oferecer em termos de dificuldade técnica na execução do tratamento cirúrgico do câncer de reto.

RELATO DE CASO

Mulher de 64 anos com antecedente pessoal de hipertensão arterial, mastectomia por câncer de mama, tireoidectomia por carcinoma papilífero de tireóide e hipertensão portal não-cirrótica secundária à trombose de veia porta com transformação cavernomatosa, submetida à esplenectomia há 20 anos devido a sangramento digestivo. Foi diagnosticada com adenocarcinoma de reto distal a 5 cm da borda anal. Estadiamento inicial mostrou T3bN2M0 com fáscia mesorretal livre, 1 cm acima do anel anorretal. Submetida à neoadjuvância com quimiorradioterapia. Re-estadiamento mostrou resposta parcial yrmT2N0. Foi realizada amputação interesfincteriana sem mobilização do ângulo esplênico. A dissecção do mesorreto foi dificultada por aderências firmes e ausência de plano habitual para dissecção. Não houve intercorrências cirúrgicas e a paciente recebeu alta no 7˚ pós-operatório. Anatomopatológico confirmou um adenocarcinoma ypT3N1 (01/20 linfonodos) com margem distal de 1,5 cm e margens radiais livres. Atualmente em seguimento sem evidência de doença e bem adaptada a colostomia terminal.

DISCUSSÃO

Os preceitos da cirurgia do câncer do reto envolvem a ressecção completa do tumor com margens distais e circunferenciais livres de tumor. Para tal, é necessário uma dissecção cautelosa do plano do mesorreto e identificação das estruturas pélvicas. Sabe-se que pacientes com hipertensão portal apresentam risco maior de sangramento e a abordagem cirúrgica sempre exige uma dissecção ainda mais cautelosa. Contudo, é praticamente inexistente literatura médica sobre o impacto desta afecção sobre a execução da excisão total do mesorreto. O caso em questão permite identificar nitidamente as dificuldades impostas pela hipertensão portal bem como demonstra que foi possível uma abordagem minimamente invasiva de forma adequada.

PALAVRAS CHAVE

câncer colorretal; câncer de reto; hipertensão portal; videolaparoscopia

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Disciplina de Coloproctologia, Departamento de Gastroenterologia, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

LUCAS FARACO SOBRADO, GUILHERME CUTAIT DE CASTRO COTTI, PEDRO AVERBACH, CAROLINE DE FREITAS CIRENZA, PHILIPPE BRAGA LIMA, CARLOS FREDERICO SPARAPAN MARQUES, ULYSSES RIBEIRO JÚNIOR, SERGIO CARLOS NAHAS