Dados do Trabalho
TÍTULO
CARCINOMA ESPINOCELULAR DE CANAL ANAL E A IMPORTANCIA DO DIAGNOSTICO PRECOCE - UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O câncer de canal anal representa menos de 3% dos tumores malignos do aparelho digestivo. As lesões perianais são ainda mais raras e o tipo histológico mais comum é o carcinoma espinocelular, entretanto, carcinoma basocelular, melanomas e doença de Paget também podem se desenvolver. Infelizmente, a literatura relata que o diagnostico tem acontecido de forma mais tardia. Os fatores de risco relacionados são a infecção pelo papilomavírus humano e pelo vírus da imunodeficiência humana, número de parceiros sexuais, intercurso anal receptivo, tabagismo e gênero feminino. O objetivo deste caso é relatar sobre diagnóstico tardio desta doença e a alta morbidade associada.
RELATO DE CASO
Apresento o caso de uma paciente feminina, de 57 anos de idade, diabética tipo II, hipertensa, hipotireóidea, sem história familiar de neoplasias que teve a primeira consulta no ambulatório de cirurgia oncológica em junho de 2020. Na ocasião, apresentava uma lesão perianal de 3,5 cm, de crescimento progressivo em apenas um mês, sem extensão para canal anal vista em colonoscopia. Foi realizado biopsia de vulva e biopsia de região anogenital com laudo de carcinoma espinocelular moderadamente diferenciado e invasor. Resultados de sorologias infecciosas negativas. A paciente foi classificada como T3N0M0, foi proposto quimiorradioterapia, com pouca tolerância a quimioterapia por injuria renal aguda e baixa resposta tumoral. Optado, nesta ocasião, pela exanteração pélvica posterior, na tentativa de resgate cirúrgico. A análise histopatológica da lesão revelou lesão do tipo carcinoma de células escamosas, invasor, ulcerada, em reto e canal anal, com extensão de 12,5cm, infiltrando parede anterior da vagina. Como não houve intenção curativa pela cirurgia, não foi realizado linfadenectomia oncológica.
DISCUSSÃO
O tratamento recomendado de modo geral, para tumores de células escamosas tanto de canal anal quanto de pele de região perianal dependem de alguns fatores a serem analisados. A quimiorradioterapia está indicada quando a lesão tem mais que 2 cm, histologia pouco ou moderadamente diferenciada, provável envolvimento do esfíncter anal e relação duvidosa do foco inicial tumoral (pele ou canal anal). Desta forma, a quimiorradioterapia era a primeira opção de tratamento para o caso apresentado, conforme foi conduzido. A resposta clínica deve ser avaliada de 8 a 12 semanas após a finalização do ciclo completo de quimiorradioterapia proposto. Em até 25 a 40% dos casos a doença pode ser persistente ou localmente recorrente. Nestes casos a ressecção cirúrgica é a escolha, com sobrevida livre de doença em 5 anos de 30%. Nos casos de ressecção cirúrgica com intenção curativa, os fatores que determinam o prognóstico são as margens cirúrgicas, invasão angiolinfáticas e perineural. Assim o diagnóstico precoce desta neoplasia reduz significantemente a morbidade, sendo importante o exame físico em todos pacientes, alertando a comunidade para o devido diagnóstico e acompanhamento correto da neoplasia de canal anal.
PALAVRAS CHAVE
canal anal
neoplasia
CEC
HPV
Área
CÂNCER COLORRETAL
Instituições
Hospital Santa Casa de Curitba - Paraná - Brasil
Autores
DANIELA THAÍS LORENZI, DAYARA MUSSI SALOMÃO, ANDRE FERRER, DIESICA NALENA PROCHNOW, LUCAS FIN