Dados do Trabalho


TÍTULO

RECRESCIMENTO TUMORAL DE ADENOCARCINOMA APOS ESTRATEGIA “WATCH AND WAIT“ NO CONTEXTO DA PANDEMIA COVID-19.

INTRODUÇÃO

A abordagem “Watch and Wait” para pacientes com adenocarcinoma de reto distal requer seguimento em pequenos intervalos. Se recrescimento, o paciente se torna elegível à ressecção cirúrgica. Neste relato houve recrescimento tumoral em paciente com perda de seguimento, sendo a indicação cirúrgica postergada devido à pandemia COVID-19, o que levou à progressão significativa da doença e procedimento cirúrgico mais mórbido e agressivo.

RELATO DE CASO

IAS, 54 anos, feminina, diagnóstico de adenocarcinoma de reto distal em 2017. Após neoadjuvância apresentou resposta clínica completa, optado por protocolo “Watch and Wait” em outro serviço. Procurou nosso serviço em fev/2020 com dor, mucorreia e lesão em borda anal. Diagnosticado recrescimento da lesão e indicado a amputação abdominoperineal em mar/2020, entretanto suspensa devido ao início da pandemia pelo COVID-19. Após um mês, paciente evolui com abscesso peritumoral sendo realizado na urgência drenagem e sigmoidostomia. Ressonância de pelve de jun/2020 com lesão exofítica de 12x10x7cm, infiltração da musculatura elevadora do ânus, acometimento da fáscia mesorretal e presença de linfonodos mesorretais. Apresentou aumento significativo da lesão, sendo obtida autorização excepcional do hospital para realização da cirurgia mesmo em meio a suspensão de cirurgias eletivas. Realizada em jul/2020 a amputação abdominoperineal do reto, ressecção do cóccix e de 1/3 médio e inferior da vagina em monobloco, com posterior reconstrução vaginal e perineal pela equipe da cirurgia plástica. Estadiamento ypT4N0M0. Realizou adjuvância (Xelox) e não apresentou sinais de recidiva da doença após um ano.

DISCUSSÃO

Com intuito de evitar grandes procedimentos e alcançar a preservação do órgão, a estratégia de “Watch and Wait” pode ser considerada nos pacientes com adenocarcinoma de reto distal que obtiveram resposta completa após o tratamento neoadjuvante. É necessário um seguimento rigoroso pois um a cada três pacientes apresentará recidiva tumoral. Pacientes ou serviços que não consigam realizar os exames ou manter o acompanhamento em pequenos intervalos devem optar pela abordagem clássica. Muitos pacientes que realizavam tratamentos oncológicos no último ano obtiveram prejuízos com o início da pandemia COVID-19. O tratamento cirúrgico oncológico é uma prioridade, porém à medida que os recursos foram alocados para o tratamento da pandemia, os fundos destinados para o tratamento oncológico ficaram limitados. Durante a pandemia no Brasil diversos serviços tiveram cirurgias oncológicas suspensas e pacientes com atraso no tratamento apresentaram progressão da doença ou até mesmo morreram. Neste caso, postergar a cirurgia levou à progressão significativa da doença local e um procedimento cirúrgico mais agressivo e com maior morbidade. A experiência obtida em nosso serviço com esse caso e outros semelhantes levou a não suspensão de cirurgias oncológicas no segundo pico da pandemia.

PALAVRAS CHAVE

neoplasia colorretais, COVID-19

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital Heliopólis - São Paulo - Brasil

Autores

RAYSSA PRÁ BUSS, ANDRÉ LUIGI PINCINATO, BRUNO CEZAR PASSOS SANTANA, MARIANA PINTO RIBEIRO, LIGIA DE OLIVEIRA RIBEIRO, GABRIEL ALVES CARRIAO, RAISSA JOSÉ DE FRANÇA CARVALHO, IDBLAN CARVALHO DE ALBUQUERQUE