Dados do Trabalho


TÍTULO

METASTASE CERVICAL DE COLANGIOCARCINOMA EM PACIENTE COM RETOCOLITE ULCERATIVA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As manifestações extra-intestinais acometem 5-50% dos pacientes com retocolite ulcerativa (RCU), dentre essas, destacamos a colangite esclerosante primária (CEP) que, pelo risco de degeneração para colangiocarcinoma, apresenta altos índices de morbimortalidade em curto período de tempo e, apesar de rara na população em geral, é relativamente comum em pacientes com RCU. O curso evolutivo da doença é variável e a sobrevida média após o diagnóstico é de 12 anos. O quadro clínico pode ainda ser complicado pela ocorrência de surtos intermitentes de colangite (5,6).

RELATO DE CASO

Masculino, 39 anos, em tratamento de retocolite ulcerativa inadequadamente por 20 anos, com uso de corticoesteróides e mesalazina, evoluindo com diversas crises durante o período, apresentando em tomografias dilatações de vias biliares podendo ser sugestivas de colangite esclerosante primária. Durante o acompanhamento da doença relatou nódulo cervical cuja biópsia e histologia evidenciou diagnóstico de metástase de colangiocarcinoma, sendo optado por tratamento do mesmo com quimioterapia e manutenção de tratamento para a doença inflamatória com anti-integrina. Faleceu após 16 meses do diagnóstico.

DISCUSSÃO

Normalmente a doença inflamatória intestinal precede a CEP, embora possa ocorrer o inverso, ou mesmo durar longo período de tempo entre o aparecimento de uma e outra. Embora sua etiologia precisa continue desconhecida, acredita-se que seja uma doença imunomediada(6). O tratamento é feito com altas doses de ácido ursodesoxicólico, que lentifica o processo de fibrose hepática e reduz a sintomatologia, podendo ser realizada terapia endoscópica para drenagem. O transplante hepático é o único tratamento nos estágios finais da doença, embora a chance de recidiva ocorra em cerca de 1/3 dos pacientes transplantados.(3) O quadro de um colangiocarcinoma é dado por presença de massa hepática expansiva, podendo haver sintomas biliares obstrutivos (2,4,6). O diagnóstico precoce é difícil e aproximadamente 10-15% dos pacientes com CEP tem transformação neoplásica(5-6). A presença de deterioração clínica acelerada, estenose biliar dominante à colangiografia e/ou de níveis elevados e ascendentes de CEA e CA19-9 devem suscitar a suspeita de colangiocarcinoma em pacientes com CEP. A presença de metástase à distância para linfonodos é de aproximadamente 1%, sendo um sítio raro da mesma. O tratamento indicado varia de acordo com o estádio da doença, podendo-se realizar a ressecção do tumor, quimioterapia adjuvante, além do tratamento sintomático. Até o momento o tratamento cirúrgico é o que oferece melhores chances de cura. A transformação neoplásica inviabiliza o transplante hepático.(3) Cabe ao médico responsável por cada caso, individualizar o tratamento levando em conta riscos e benefícios, como o risco de evolução da doença inflamatória se interrupção do tratamento com imunobiológico para o tratamento da neoplasia.

PALAVRAS CHAVE

retocolite, colangite, esclerosante, colangiocarcinoma, metástase

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

faculdade de medicina do ABC - São Paulo - Brasil

Autores

JULIANA GIANGIARDI BATISTA, SANDRA DI FELICE BORATTO, FLAVIA BALSAMO, SERGIO HENRIQUE COUTO HORTA, ALINE ZARA, AMANDA VITIELLO PEREIRA BROSCO, GUILHERME GARCIA HUDARI, ARIADNE CHAVES DE OLIVEIRA