Dados do Trabalho
TÍTULO
DOENÇA DE CROHN DE DIFICIL CONTROLE COM NECESSIDADE DE ASSOCIAÇAO DE BIOLOGICOS
INTRODUÇÃO
Pacientes com doenças inflamatórias intestinais elegíveis para terapia biológica representam um grupo com doença moderada a grave e, assim, estão em risco de intervenção cirúrgica. Nestes pacientes, os agentes biológicos podem atingir apenas aproximadamente 40% de remissão clínica em respondedores após 1 ano de terapia (1). Dada a extensa redundância da rede inflamatória, o uso concomitante de dois produtos biológicos diferentes pode combinar diferentes mecanismos de ação. A maior parte da experiência na doença de Crohn e colite ulcerativa tem contado com a combinação de biológicos com imunomoduladores (2), mas faltam informações sobre os efeitos da combinação de terapias biológicas.(3,4)
RELATO DE CASO
Feminina, 39 anos, diagnosticada com retocolite ulcerativa aos 17 anos mantendo mesalazina e corticoterapia em crises. Após gatilho emocional com 21 anos de doença, apresentou piora progressiva e aparecimento de lesões perineais, sendo então alterado o diagnóstico para Doença de Crohn e iniciado tratamento com anti-TNF alfa. Com 7 meses de tratamento mantinha doença em atividade sendo realizada troca de biológico para anti-integrina α4β7. Apesar da melhora abdominal, obteve piora clínica sistêmica e perineal com aparecimento de múltiplas fístulas secretivas e dolorosas. Após várias intervenções cirúrgicas perineais para colocação de sedenhos, correção de estenose anal e drenagens de abscessos, ainda manteve uma evolução pouco satisfatória. Foi então feita a associação de outro imunobiológico ,um anti-TNF alfa. Essa associação foi acompanhada por 6 meses sem complicações relacionadas aos medicamentos, mas houve agravamento do quadro clínico e abdominal. Foi necessária intervenção cirúrgica (retocolectomia segmentar com transversostomia terminal), no momento se encontra estável clinicamente, com ganho ponderal e retorno às atividades diárias.
DISCUSSÃO
A incapacidade de atingir a resposta clínica diminui a qualidade de vida e recorrentes ressecções intestinais podem levar a complicações, como síndrome do intestino curto. Assim, da mesma forma que a combinação de um agente biológico a um imunomodulador é mais eficaz do que sozinho, o uso concomitante de biológicos duplos de diferentes vias inflamatórias é uma abordagem terapêutica potencial em pacientes com doença refratária.(4)Apesar da segurança dos produtos biológicos mais recentes, o tratamento simultâneo com duplos medicamentos biológicos (DBT) raramente é utilizado, sendo ainda não comprovado seu benefício. Nossa análise é que a associação dos biológicos tende a ser feita em casos extremos e como última tentativa medicamentosa de resposta de uma doença já avançada e, portanto, estratégia fadada ao insucesso. O que podemos questionar é se a tática do tratamento com mais de um biológico deveria ser feita de forma precoce, ou ainda, se a otimização do tratamento com biológico poderia ser substituída por associação de biológicos para obtermos melhores resultados em pacientes muito selecionados e individualizados.
PALAVRAS CHAVE
corhn, associação, biológicos
Área
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO
Instituições
faculdade de medicina do ABC - São Paulo - Brasil
Autores
JULIANA GIANGIARDI BATISTA, SANDRA DI FELICE BORATTO, FLAVIA BALSAMO, SERGIO HENRIQUE COUTO HORTA, ALINE ZARA, AMANDA VITIELLO PEREIRA BROSCO, GUILHERME GARCIA HUDARI, LUKAS BRESEGHELLO CAVENAGUI