Dados do Trabalho


TÍTULO

RESULTADOS DA LINFADENECTOMIA LATERAL PELVICA MINIMAMENTE INVASIVA NO CANCER DE RETO LOCALMENTE AVANÇADO POS TRATAMENTO NEOADJUVANTE

OBJETIVO

O papel da linfadenectomia lateral pélvica (LLP) em pacientes com câncer de reto localmente avançado (CRLA) e linfonodos pélvicos laterais comprometidos permanece motivo de controvérsia na literatura. O objetivo do presente estudo foi analisar os resultados da LLP por via minimamente invasiva neste contexto.

MÉTODO

Análise retrospectiva de pacientes com CRLA e linfonodos laterais pélvicos comprometidos na ressonância magnética (RM) de estadiamento inicial que foram submetidos à tratamento neoadjuvante com quimiorradioterapia (QRT) seguidos de cirurgia com excisão total do mesorreto e linfadenectomia lateral pélvica no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP-HCFMUSP) entre 2016 e 2021.

RESULTADOS

No período, 23 pacientes foram submetidos à LLP minimamente invasiva. Todos os pacientes apresentavam linfonodos laterais pélvicos comprometidos na RM pré-tratamento: 19 com comprometimento unilateral, 4 casos bilateral. 87% apresentavam-se com estadio T3/T4 e 78,3% N1/N2 e 4 apresentavam metástases a distância ao diagnóstico. A distância média à borda anal foi de 5,0cm.

Todos os casos foram submetidos a neoadjuvância com esquema de quimiorradioterapia. Todos pacientes foram re-estadiados com RM após tratamento neoadjuvante. Pós-neoadjuvância, 65,21% apresentavam estadiamento T3/4 e 47,82% N1 ou N2. Em 79,2% houve regressão ou desaparecimento dos linfonodos laterais pélvicos tidos como comprometidos anteriormente.

Foram realizadas 9 amputações abdominoperineais de reto, 13 retossigmoidectomias e 1 proctocolectomia total. Em 4 casos foi realizada LLP bilateral. Apenas um paciente necessitou de transfusão de um concentrado de hemácias. O tempo de internação variou de 6 a 55 dias com uma mediana de 8, e uma estadia em UTI entre 0 a 11 dias, com mediana de 2. Os resultados da análise histopatológica mostraram margens livres, incluindo circunferencial em todos os 23 casos, com uma média total de 7,6 (2 a 21) linfonodos laterais ressecados, sendo uma média de 0,87 acometidos (0 a 10). Dentre os pacientes cuja RM mostrou desaparecimento do linfonodo (13), três (23,1%) apresentaram sinais de neoplasia. O tempo médio de seguimento foi de 22 meses. Houve um caso de recidiva local. Em 11 deles foi detectado recidiva sistêmica. Houve cinco óbitos, 4 decorrentes de progressão de doença e apenas 1 por complicações relacionadas à cirurgia/progressão de doença, no 54o pós operatório.

CONCLUSÕES

Nesta série inicial, a LLP associada à excisão total do mesorreto por via minimamente invasiva no CRLA pode ser executada de forma segura, com baixa morbidade e adequado controle local. Mesmo nos casos de regressão ou desaparecimento do linfonodo após a neoadjuvância, 23,1% mantiveram-se positivos na análise histopatológica, o que demonstra um potencial benefício na realização da LLP nestes pacientes.

PALAVRAS CHAVE

Linfadenectomia lateral pélvica, Câncer de reto, Cirurgia minimamente invasiva

Área

CÂNCER COLORRETAL

Instituições

Hospital das Clínicas FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

GUILHERME CUTAIT DE CASTRO COTTI, PEDRO AVERBACH, CAROLINE DE FREITAS CIRENZA, LUCAS FARACO SOBRADO, ANTONIO ROCCO IMPERIALE, CARLOS FREDERICO SPARAPAN MARQUES, CAIO SERGIO RIZKALLAH NAHAS, SERGIO CARLOS NAHAS