Dados do Trabalho
TÍTULO
GOMA SIFILITICA MIMETIZANDO NEOPLASIA DO RETO-RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema Pallidum. O curso clínico da doença é habitualmente dividido em fases: incubação, sífilis primária, secundária, latente e terciária. A proctite sifilítica pode surgir em dois momentos: na sífilis primária sob a forma de úlcera e na terciária como uma lesão vegetante, que pode mimetizar a neoplasia do reto - a goma sifilítica (GS). O objetivo do presente estudo é relatar um caso incomum de GS mimetizando câncer do reto, com necessidade de tratamento clínico e ressecção cirúrgica do pseudotumor residual.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 52 anos, previamente hígido. Há 01 ano com desconforto anal e sangue misturado às fezes, sem outros sintomas. Ao exame com lesão vegetante e friável, que se iniciava a 2 cm da borda anal e comprometia toda a circunferência do órgão. A tomografia do abdome demonstrou espessamento uniforme do reto baixo e alguns linfonodos locorregionais globosos. A colonoscopia demonstrou a lesão de aspecto neoplásica limitada ao reto. Realizado biópsia que evidenciou mucosa escamosa ulcerada com inflamação mista e tecido de granulação proeminente. Como não se observaram evidências de neoplasia na amostra, solicitou-se revisão da lâmina e os aspectos morfológicos associados aos achados imunohistoquímicos foram compatíveis com processo inflamatório ulcerado com infiltrado predominantemente plasmocitário, de padrão policlonal. O VDRL e teste treponêmico foram reagentes e o paciente foi tratado com Penicilina G Benzatina, 2,4 mi UI por semana por 3 semanas. Quatro meses após o tratamento, teve resolução completa dos sintomas, entretanto permanecia com lesão elevada e circunferencial que se iniciava e 4cm da borda anal e se estendia por 4cm, sem sinais de invasão local. Optado pela ressecção cirúrgica do tecido remanescente, por acesso transanal. A anatomopatológico da peça operatória revelou processo inflamatório predominantemente plasmocitário e de padrão policlonal. Realizou seguimento clínico sem recrudescência dos processos infecioso e tumoral.
DISCUSSÃO
A goma é uma expressão terciária da sífilis. Corresponde a uma reação imune com formação de granulomas, podendo surgir em ossos, mucosa e pele. A GS no reto é infrequente e pode apresentar aspectos clínicos, radiológicos e endoscópicos indistinguíveis de processos neoplásicos. Após confirmação do diagnóstico através da biópsia e dos exames sorológicos, o tratamento medicamentoso deve ser instituído. A terapia clínica é geralmente suficiente, entretanto, no caso apresentado, não se obteve a resposta completa e a cirurgia teve papel na confirmação do diagnóstico e na remoção do tecido pseudotumoral remanescente. É importante considerar a presença de GS em pacientes com tumores retais superficiais e anatomopatológico negativo para neoplasia maligna, especialmente naqueles com epidemiologia sugestiva, uma vez que as doenças exigem tratamentos distintos.
PALAVRAS CHAVE
Sífilis; câncer de reto; goma sifilítica
Área
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Instituições
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil
Autores
LETICIA CANGEMI ARAUJO, MARLEY RIBEIRO FEITOSA, CAMILA FERRÃO OLIVEIRA, MARIÂNGELA OTTOBONI BRUNALDI, CRISTIANE JACOMINI, ROGÉRIO SERAFIM PARRA, JOSE JOAQUIM RIBEIRO DA ROCHA, OMAR FERES