Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOCARCINOMA DE CANAL ANAL: UM DESAFIO DIAGNOSTICO

INTRODUÇÃO

O câncer de canal anal constitui um tipo raro de tumor, sendo o adenocarcinoma responsável por 5 a 10% desses. O diagnóstico em fases precoces é dificultado, muitas vezes, pela variedade e inespecificidade dos sinais e sintomas desta afecção. Além disso, a diferenciação entre o câncer e as doenças benignas que acometem a região perianal e o canal anal, pode atrasar o diagnóstico, apesar de imprescindível.

RELATO DE CASO

Paciente J.F.A, masculino, 71 anos, história de dor anal, associada à drenagem espontânea de secreção purulenta perianal, de 5 meses de evolução, em outubro de 2020. Avaliado duas vezes, no Pronto-Atendimento (PA), com este quadro, sendo prescrito antibioticoterapia oral (Ciprofloxacino e Metronidazol, 30dias) e analgesia. Devido à persistência dos sintomas, retornou um mês após, ao PA, e realizou Tomografia de abdome total (TC). Condutas mantidas e encaminhado ao ambulatório de Coloproctologia, com a hipótese diagnóstica de abscesso perianal. À avaliação da Coloproctologia, em março de 2021, observou-se à inspeção, rubor e abaulamento perianal esquerdo, com extensão até cóccix, orifício de drenagem, com saída de secreção gelatinosa, piossanguinolenta. Ao toque retal, dor e abaulamento parietal do reto à esquerda, com aumento da drenagem à expressão digital. Solicitada nova TC de abdome total, na urgência, que evidenciou lesão expansiva predominantemente cística com calcificações em permeio, localizada no assoalho pélvico esquerdo, estendendo-se no reto superior, circundando o reto inferior, bilateralmente, e atingindo plano subcutâneo e cutâneo perianal, bilateralmente. Sem lesões secundárias, ao método. Em bloco cirúrgico, identificado trajeto fistuloso em canal anal posterior. Submetido à ampliação dos orifícios de drenagem, com posicionamento de sedenho em loja isquiorretal, sob raquianestesia. Anatomopatológico de peça cirúrgica revelou exsudato fibrinoleucocitário, com proliferação glandular de permeio complexa revestida por células cilíndricas de núcleos pleomórficos e hipercromáticos, e focos de calcificação distrófica. Imuno-histoquímica sugeriu Adenocarcinoma de padrão Mucinoso invasivo, positivo para Vilina, CDX2 e Citoceratina 7. Ressonância magnética de pelve: fistula anal transesfinctérica posterior complexa, associado a extensa lesão retro-retal e para-retal à esquerda, linfonodopatias pélvicas e inguinais bilaterais. Colonoscopia sem lesões intraluminais. Foi encaminhado à Oncologia com proposta de neoadjuvância.

DISCUSSÃO

A ausência de métodos de rastreio eficazes acarreta diagnóstico tardio do câncer de canal anal. Este caso, ilustra a dificuldade diagnóstica e a importância da exclusão de diagnósticos diferenciais. O adenocarcinoma anal pode ter origens diversas, com ou sem componente intraluminal. Historicamente, a amputação abdominoperineal isolada correspondia ao tratamento desta afecção. Hoje, a cirurgia combinada com quimiorradioterapia neoadjuvante demonstrou melhores desfechos de sobrevida global e livre de doença.

PALAVRAS CHAVE

Adenocarcinoma de canal anal; Câncer de canal anal; Amputação abdominoperineal

Área

DOENÇAS ORIFICIAIS

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS SAMUEL LIBÂNIO - Minas Gerais - Brasil

Autores

THAIS MOURA BRAGA, MARIO EDUARDO FONSECA GUEDES, LAIS LAIS DE ANDRADE, CARLOS ROBERTO AMORIM, NICOLAS BIAGIONE TIBURZIO, ELISIO MEIRELLES DE MIRANDA, VIRGINIO CANDIDO TOSTA DE SOUZA, JULIA SALLES REZENDE DIAS