Dados do Trabalho


TÍTULO

ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO POR VOLVO DE CECO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As más rotações intestinais podem atingir mais comumente o intestino delgado, e mais raramente o intestino grosso, como no caso relatado. O volvo de ceco (VC) apesar de pouco frequente apresenta sinais clínico-radiológicos bem estabelecidos que auxiliam no diagnóstico e intervenção precoce. Se não tratado adequadamente, os sintomas de obstrução intestinal aguda podem evoluir em pouco tempo para distensão, toxemia, peritonite, perfuração e morte.

RELATO DE CASO

SBS, 87 anos, feminino, história pregressa de câncer de mama, diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica. Iniciou com dor abdominal alta e parada de eliminação de fezes e gases há 1 dia, sugestivo de abdome agudo obstrutivo. Relata redução do apetite, sem náuseas e vômitos. Ao exame físico, abdome distendido com alça palpável no quadrante inferior direito, sem sinais de peritonite. Tomografia computadorizada (TC) revelou volvo de ceco, com indicação cirúrgica. Durante a cirurgia já foram encontrados indícios de necrose de parede cólica distendida. Submetida a colectomia direita com ligadura da artéria cólica direita, anastomose íleo-cólon transverso com sutura mecânica e látero-lateral utilizando grampeador linear cortante com duas cargas NTLC. Encaminhada ao centro de terapia intensiva com sonda nasogástrica (SNG), jejum e hidratação venosa. Evoluiu bem, abdome levemente distendido, eliminando flatus. Glicemia controlada. No 5 DPO apresentou náuseas e vômitos, sendo usado SNG. 6 DPO retorno da dieta líquida restrita. Evacuou no 7 DPO. Recebeu alta no 8 DPO. Segue em acompanhamento clínico.

DISCUSSÃO

A incidência do volvo de ceco é cerca de um em cada três a sete milhões de pessoas por ano, representando cerca de 30% de todos os casos de volvo intestinal. Além da falha de fixação e rotação intestinal, o VC é descrito em pós-operatório de colectomias, gastrectomias, pós-cirurgia bariátrica, e em gestantes em decorrência do deslocamento do ceco pelo útero gravídico, ou em massas pélvicas que também desloquem o ceco. O diagnóstico geralmente é inespecífico; no entanto, pode se manifestar como dor abdominal localizada, distensão e massa dolorosa no quadrante inferior direito. Os sinais radiológicos que indicam o diagnóstico incluem aparência de grão de café no quadrante superior esquerdo e aspecto de ‘’bico de ave’’ em radiografia contrastada e TC. A colonoscopia também permite localizar o ponto de torção colônica, porém apresenta limitada capacidade terapêutica. A determinação da viabilidade do intestino durante a laparotomia é a etapa inicial no manejo. As condutas terapêuticas aceitáveis incluem redução colonoscópica, cecopexia ou colectomia direita. Com áreas de necrose acima da torção, optou-se pela colectomia direita e reconstrução, estando esta conduta de acordo com a literatura consultada. Caso não houvesse sinais de sofrimento vascular, poderia ser realizado a desvolvulação associada à cecopexia, apesar da taxa de recorrência para esta conduta.

PALAVRAS CHAVE

volvo de ceco; volvo intestinal; doenças do ceco

Área

URGÊNCIAS COLOPROCTOLÓGICAS

Instituições

Universidade Federal de São João del-Rei - Minas Gerais - Brasil

Autores

INGRID MORSELLI SANTOS, CAIQUE GUSTAVO SILVA SANTANA, KARINA SOARES DE ALMEIDA, FÁBIO HENRIQUE DE OLIVEIRA, FERNANDA ELIAS FERREIRA RABELO, ALAIR RODRIGUES DE ARAÚJO