Dados do Trabalho


TÍTULO

USO DE INFLIXIMAB EM GESTANTE COM DOENÇA DE CROHN ILEO-COLO-ANAL: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A Doença de Crohn (DC) é uma das Doenças Inflamatórias intestinais (DII) e acomete aproximadamente 1 a cada 300 pessoas no mundo. A introdução de terapêuticas com anticorpos monoclonais com ação anti-TNF, -interleucinas e -integrinas inovou o tratamento destas patologias. A DC é caracterizada por lesão descontínua transmural de qualquer parte do trato gastrointestinal. Apresenta-se como forma inflamatória, estenosante, fistulizante ou mista. O seu tratamento visa remissão clínica e endoscópica. As DII são um desafio para gestantes, pois a sua presença e as possibilidades terapêuticas possuem potencial teratogênico e trazendo risco ao concepto e à gestação ( Feuerstein & Cheifetz, 2017;O’Toole et al., 2015;Wehkamp et al.,2016). Assim, o presente estudo relata o uso de imunobiológicos em gestante com DC ileo-colo-anal.

RELATO DE CASO

JSC, feminina, 21 anos de idade, com dor abdominal difusa, vômitos, diarreia e emagrecimento (13 kg) há 4 anos. Realizou colonoscopia estabelecendo-se o diagnóstico de retocolite ulcerativa. Iniciou sulfassalazina 1,5g/dia, sem controle da doença. Refez colonoscopia que evidenciou erosões planas e úlceras aftóides no íleo terminal e ao nível da válvula íleo cecal e abriu quadro de doença perineal, estenose anal e múltiplas fístulas perianais e retovaginal, sendo diagnosticada como DC. Foi optado por terapia imunobiológica com infliximabe, dilatação de estenose anal e passagem de sedenho em fístulas anais e retovaginais. Paciente evoluiu com melhora clínica e cicatrização de trajetos fistulosos. Após três meses de início de anti-TNF paciente engravidou. A partir de então, mantém uso de infliximabe e acompanha em ambulatório de gestação de alto risco.

DISCUSSÃO

A gestação propicia melhora do quadro clínico das DII, principalmente a DC, por mecanismo ainda não elucidado. Por outro lado, a DC pode causar complicações graves a gestação, como oligodrâmnio, insuficiência placentária e parto pré-termo. Há redução de 33 a 77% nas taxas de hospitalização e cirurgia em paciente com DII que fazem uso de terapia biológica. Inclusive, esses medicamentos dobram a chance de remissão em pacientes com DC fistulizante. Sabe-se que a concentração dos anti-TNFs no cordão umbilical e no sangue do recém nascido é quatro vezes maiores do que na puérpera, o que pode influenciar a imunidade do concepto. Assim, recomenda-se atrasar as vacinas de vírus vivo atenuado até 6 a 12 meses em crianças expostas intraútero a estes fármacos. Pode-se optar por suspender o uso dos imunobiológicos por volta de 22-24 semanas de gestação, a fim de reduzir exposição fetal, mas não há consenso. Somado a isto, sabe-se que exposição à esses medicamentos não promove aumento da taxa de alergias, infecções pós-neonatais, alterações no crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor, fatos que contribuem para segurança na manutenção da terapêutica durante gestação (Cholapranee et al., 2017;Duricova et al., 2019;Gisbert & Chaparro 2020;Lee et al., 2018;Nguyen et al., 2016;Rodrigues et al., 2009)

PALAVRAS CHAVE

DOENÇA DE CROHN; GESTAÇÃO; ANTI-TNF; IMUNOBIOLÓGICOS.

Área

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO

Instituições

HOSPITAL REGIONAL DE PRESIDENTE PRUDENTE - São Paulo - Brasil

Autores

RODOLFO DAHLEM MELO, DEBORAH CRISTINA ANDRADE NEVES, PEDRO HENRIQUE BAUTH SILVA, ANDRÉ ANTONIO ABISSAMRA