Dados do Trabalho


TÍTULO

TRAUMA PERINEAL PROVOCADA POR JET-SKI

INTRODUÇÃO

O uso de embarcações de propulsão a jato tem aumentado progressivamente e os seus usuários, em sua maioria, desconhecem os perigos associados à queda de um jet-ski, principalmente lesões perineais. O objetivo do trabalho é relatar o caso de um paciente, vítima de queda por ejeção de jet-ski, com lesão perineal extensa, reconstrução de trânsito e desfecho positivo. As informações foram coletadas por meio da revisão do prontuário, laudos médicos, entrevista com o paciente, registros fotográficos e revisão da literatura.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 26 anos, deu entrada por queda de jet-ski, com extensa lesão perineal da base do pênis até a região sacra, exposição dos testículos e lesão de esfíncter anal externo e interno. Ao exame, paciente hemodinamicamente estável. Não foi identificada contração esfincteriana durante toque retal e o pênis não apresentava lesões ou uretrorragia. Foi submetido a uma laparotomia exploratória devido a desconforto abdominal, na qual foi observada lesão de sigmóide. Foi realizado retossigmoidectomia e obteve-se desfecho positivo com reconstrução de trânsito em segundo tempo e bom prognóstico para recuperação da função fisiológica anal, comprovadas por manometria anorretal.

DISCUSSÃO

Os traumas produzidos por jato de água possuem alta pressão e capacidade de destruição de órgãos ocos. A lesão de reto é a mais frequente das injúrias intraperitoneais e os acometimentos extraperitoneais são possíveis, porém incomuns. O caso evidenciou extensa lesão perineal e dos órgãos ocos até a serosa de sigmóide, associada a ausência de contração esfincteriana. Após a retossigmoidectomia e síntese da lesão, apresentou hipotonia da musculatura esfinctérica anal, com boa resposta da porção externa, que pôde ser trabalhada com biofeedback e fisioterapia pélvica.
O atendimento inicial segue o padrão do ATLS até a estabilização e a avaliação do cirurgião compreende a viabilidade dos esfíncteres, cujo método de escolha inicial inclui o toque retal, com alta acurácia (80-90%), além de outros métodos, como a proctoscopia, endoscopia e TC. Na imagem tomográfica, pode-se encontrar presença de líquido livre na cavidade peritoneal, pneumo ou retroperitônio. O reparo primário é sugerido em casos de perfurações sem contaminação grosseira e nos demais, a derivação intestinal. Antibioticoterapia intravenosa deve ser administrada, uma vez que a água penetrada pode incluir muitos patógenos, especialmente, bacterianos.
O caso relatado e a literatura evidenciam como as lesões perineais associadas ao fenômeno hidrostático do propulsor das embarcações pessoais, apesar de raras, são graves e podem estar associadas a possíveis perfurações e infecções intra-abdominais. O manejo das lesões retais traumáticas deve envolver exame perineal detalhado com proctoscopia e, se necessário, laparotomia exploradora. Assim, se faz necessário o conhecimento das potenciais lesões pélvicas por parte dos usuários e acompanhantes dessas embarcações, além do uso dos equipamentos de proteção.

PALAVRAS CHAVE

lesão de jet-ski; perfuração intestinal; trauma genital; lesão retal; jato de água

Área

URGÊNCIAS COLOPROCTOLÓGICAS

Instituições

Hospital Barra Dor - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

ANA CAROLINA DE AZEVEDO SOUZA, LARA SILVA SOUZA, PAULA CARTAXO BARROS CAMILATO, CLAUDIA JOAQUIM